Os ataques que vinham sendo feitos desde o começo do governo por Lula e seus aliados contra o presidente do Banco Central (BC) se tornaram, agora, ostensivos. Na segunda-feira 13, em um ato no Rio de Janeiro contra a elevada taxa de juros, a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, não mediu as palavras e pediu claramente a saída de Roberto Campos Neto da presidência do BC, cargo no qual tem estabilidade até 2024.
“Eu acho que o Roberto Campos Neto tinha de ter decência, vergonha na cara, pegar o boné dele e ir embora, e deixar a presidência do Banco Central”, disse Gleisi, deputada federal pelo Paraná. Um vídeo com o discurso da petista foi publicado nas redes sociais.
O ato contra o presidente do BC foi convocado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e teve adesão também dos deputados Guilherme Boulos (Psol-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Reimont (PT-RJ), Tarcísio Motta (Psol-RJ) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ).
Como o governo não tem maioria no Senado para tentar retirar Campos Neto do cargo, usando um artigo da Lei Complementar 179/2021, que concedeu autonomia real ao BC, a decisão política foi desestabilizar Campos Neto, pedindo que ele renuncie.
Salvo por pedido, doença incapacitante ou condenação criminal ou por improbidade administrativa, o presidente do BC não pode ser demitido pelo presidente da República. A única maneira seria apresentar “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil”, e, neste caso, o Senado teria de chancelar a proposta de exoneração.
“Pode ser que não tenhamos hoje (maioria). Política muda. Agora, se nada fizermos, aí é que não vamos ter mesmo, não é mesmo? Nós temos de fazer o movimento, nós temos de fazer essa organização”, disse Gleisi, no ato público. A deputada petista também declarou que o mandato do presidente do BC tinha de ser coincidente com o mandato do presidente da República. “O embate com o Campos Neto é político, não é econômico. Ele representa um projeto que não foi eleito nas urnas. Ele não podia estar onde ele está.”
Outros políticos presentes no ato apoiaram as palavras de Gleisi e também se manifestaram pelo fim da autonomia do Banco Central.
Deu na Oeste