No dia seguinte ao discurso de Lula com duras críticas ao teto de gastos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez um alerta. Segundo o chefe da autoridade monetária, o descontrole das contas públicas pode afetar justamente a população que se pretende ajudar.
“O problema é olhar para a frente e entender que você tem menos impostos, tem alguns programas que se imaginava que seriam temporários e a gente precisa ter de um lado um olho para o social, e a gente entende que a pandemia deixou muitas cicatrizes, mas precisa ter um olho para o equilíbrio fiscal. Porque, no final das contas, se não tivermos equilíbrio fiscal, voltamos ao mundo de incertezas aonde a expectativa de inflação sobe, você desorganiza o setor produtivo em termos de investimento e quem sofre mais é a população que você quer ajudar”, explicou o presidente.
Campos Neto tem mandato até 2024 a frente do BC e, apesar do pouco contato com a equipe de transição, ele não acredita que a autonomia do Banco Central possa ser questionada com a mudança de governo.
“A gente, obviamente, quer trabalhar com o governo novo da melhor forma possível, a gente está aberto a participar da transição. Ainda estão se formando os grupos. No período da eleição a gente vê que muitos grandes economistas apoiaram o governo que venceu as eleições. Na equipe de transição ainda não tive muito contato. Nesse período é normal que aumente o ruído, temos que esperar e ver”, disse Campos Neto.
“Foi um ajuste de expectativa por uma interpretação que teve, que não sabemos ainda se é verdadeira ou não. Tem bons economistas no time, tenho conversado com alguns. Precisamos ver o que vai sair”, concluiu.
Diante das incertezas em relação ao futuro das contas públicas, o Ibovespa encerrou a semana com recuo de 5%. O tombo é reflexo do receio entre investidores em relação a um eventual fim do teto de gastos na gestão petistas.
Deu na Jovem Pan