O partido de extrema direita da primeira-ministra da Itália Giorgia Meloni venceu as eleições europeias no país, tornando-a uma das poucas líderes do bloco a ganhar força com as eleições.
“Obrigado. Irmãos da Itália confirma sua posição como principal partido italiano, superando o resultado das últimas eleições”, comemorou Meloni na rede X, à frente do país desde outubro de 2022.
O partido Irmãos da Itália lidera os resultados com 28,8% dos votos, segundo resultados quase definitivos do Ministério do Interior, acima dos 26% nas últimas eleições nacionais.
“Meloni mais forte na Europa”, foi a manchete do jornal romano ‘Il Messaggero’ nesta segunda-feira. “Vitória de Meloni e Le Pen”, destaca o ‘La Stampa’.
Em uma breve intervenção pública, a primeira-ministra disse estar “orgulhosa do resultado do Irmãos da Itália” e “orgulhosa que este país se apresente no G7 e na Europa com o governo mais forte de todos”.
Outros líderes de grandes nações europeias, como o francês Emmanuel Macron e o alemão Olaf Scholz, saíram destas eleições muito enfraquecidos.
Os líderes do G7 das principais potências ocidentais, presidido este ano pela Itália, se reunirão nesta semana em Pullas, no sul da península.
Segundo os últimos dados do Ministério do Interior, o Partido Democrático (PD, centro-esquerda), principal partido da oposição, ocupa a segunda posição com 24% dos votos, seguido do Movimento 5 Estrelas (populista), liderado pelo ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, com mais de 9,9%.
– “Jogar com os grandes” –
Os dois aliados da coligação de Meloni, o Força Itália, partido conservador fundado por Silvio Berlusconi e membro do Partido Popular Europeu (PPE), e a Liga, de extrema direita, de Matteo Salvini obtêm 9,7% e 9,1%, respectivamente.
É um fracasso para a Liga, aliada do francês Reunião Nacional na Eurocâmara, que obteve 34,26% dos votos em 2019.
Meloni, que chegou ao poder em outubro de 2022, impulsionada por quase 200 bilhões de euros (cerca de 1,14 trilhão de reais) em ajuda e empréstimos europeus do plano de reativação pós-pandemia, conseguiu criar consenso à sua volta, especialmente graças às divisões da oposição e ao evitar atacar direitos fundamentais como o aborto.
Sua progressão, em relação às eleições europeias de 2019, é mais do que notável: os Irmãos da Itália obtiveram apenas 6,44% dos votos na ocasião.
Este avanço espetacular permitirá a Meloni reforçar seu peso em Bruxelas, onde já conseguiu impor algumas das suas questões favoritas, como a luta contra a chegada de migrantes à Europa.
A líder italiana, ao contrário de seu aliado, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, estabeleceu-se como interlocutora da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, especialmente devido à sua posição pró-Ucrânia.
No Parlamento Europeu, os Irmãos da Itália fazem parte do grupo Conservadores e Reformistas, juntamente com o partido espanhol de extrema direita Vox e o pequeno partido francês Reconquista.
O outro grupo de extrema direita, Identidade e Democracia, que inclui a Liga e o Reunião Nacional de Marine Le Pen, registrou uma vitória histórica na França.
A aproximação destes dois grupos permanece um mistério devido às suas divergências, especialmente sobre a Rússia.
“Não acredito que Meloni queira voltar a trabalhar com pessoas como Le Pen”, afirma Daniele Albertazzi, do instituto de análise “Centre for Britain and Europe”.
“Acho que ela vai tentar jogar com os grandes e se concentrará no PPE”, acrescenta a especialista que aposta que Meloni pretende participar das negociações sobre o próximo presidente da Comissão.
* AFP