Estudantes potiguares criam aplicativo para pacientes com doenças renais e ganham reconhecimento internacional

 

Um grupo de estudantes da Universidade Potiguar (UnP), integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima, criou o Nefrontec, um aplicativo para celular que pretende tornar mais eficiente o acompanhamento de pacientes com Doenças Renais Crônicas (DRC).

 

A ferramenta ajuda a acompanhar a evolução clínica dos pacientes na etapa do pós-tratamento de hemodiálise, oferece acesso a diagnósticos, dicas de saúde, consultas on-line, vídeos instrutivos sobre cuidados pessoais e procedimentos relacionados ao tratamento de diálise.

 

Outro diferencial é a disponibilidade de suporte 24 horas aos pacientes, com uma variedade de funções que vão desde esclarecer dúvidas até acionar serviços de emergência. Essa novidade pode garantir maior segurança e conforto aos pacientes que vivem em áreas rurais ou distantes dos centros médicos, através do suporte remoto oferecido pelo aplicativo, evitando a necessidade de deslocamentos frequentes para atualizações do seu estado de saúde.

 

O idealizador do Nefrontec é o estudante de Enfermagem, Lucas Santos, de 23 anos. Segundo ele, a motivação para colocar o app em prática vem de um gargalo enfrentado pelos pacientes renais. “Pensar em formas de diminuir as complicações ligadas ao tratamento de hemodiálise, especialmente para os indivíduos que fazem o procedimento em suas residências, foi uma grande motivação”, conta.

 

Dados do Censo Brasileiro de Diálise (CBD) revelam que, entre 2009 e 2020, o número de pacientes com problemas renais graves disparou de 77 mil para 144 mil casos, representando um crescimento de 86,5%. Já a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) alerta que as DRC atingem mais de 10 milhões de pessoas no país. Em 2022, ano da última atualização de registros de pacientes em diálise, a SBN apontou que havia 155 mil pessoas convivendo com o tratamento.

 

“O procedimento de hemodiálise pode ser cansativo e, frequentemente, os pacientes lidam com problemas sem a presença direta de cuidadores. Diante deste cenário, senti que era urgente a criação de uma ferramenta que possibilitasse o monitoramento remoto dos pacientes, detectando potenciais complicações e oferecendo um apoio mais completo”, acrescenta Santos.

 

Relevância internacional

Dada a sua importância para a ciência, a ferramenta ganhou destaque na edição deste mês de março da revista Research, Society and Development (Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, em tradução livre). O periódico tem classificação Qualis C, ou seja, possui excelência internacional, de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), órgão científico brasileiro de fomento à pesquisa.

 

O reconhecimento acontece durante o Março Amarelo, mês dedicado às campanhas que estimulam a conscientização, tratamento e manutenção da saúde renal. Para o orgulho da orientadora do projeto, professora Vera Lúcia Morais da Silva, o software contou com a mobilização direta de outros seis alunos: Samuel Paranhos, 25 anos, Fabielle Gimenes, 21 anos, Erivan Filho, 20 anos, Victor Gustavo Castro, 21 anos – sendo os quatro de Enfermagem; Heloísa Matias, 20 anos, de Medicina; e Marta Marquês, 40 anos, de Farmácia.

 

“Essa união não apenas enriqueceu o desenvolvimento do aplicativo, mas também demonstrou o poder da colaboração e do trabalho em equipe na realização de um projeto muito significativo para quem mais precisa”, comemora a docente.

 

Atualmente, o Nefrontec opera em formato de protótipo. Recentemente, o app foi testado para simulação com 10 pacientes e, segundo os responsáveis, obteve nível satisfatório. As próximas fases do desenvolvimento, ainda em estágio de aperfeiçoamento, serão focadas em viabilizar a criação de um produto comercializável. Para alcançar esse objetivo, outros estudantes são recrutados para participar dos estudos e pesquisas relacionados.

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