Em 2007, um servidor da Câmara dos Deputados morreu em um acidente automobilístico enquanto investigava denúncias de exploração sexual e tráfico de crianças e adolescentes na região da Ilha do Marajó, no Pará. O caso foi relembrado na última quinta-feira (22) pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), em um vídeo no qual o parlamentar comentou a repercussão sobre os abusos na região.
O servidor em questão era Amarildo Geraldo Formentini, de 43 anos de idade, que, segundo uma nota de pesar emitida pela Câmara na época, faleceu quando um veículo da TV Liberal, afiliada da Globo no Pará, colidiu de frente com um caminhão ao derrapar em uma pista molhada. Amarildo estava dentro do carro com outros dois funcionários da emissora.
O acidente automobilístico aconteceu por volta de 19h30 do dia 9 de dezembro de 2007, próximo da cidade paraense de Ulianópolis. Além do servidor, que atuava como assessor da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa, também morreram na tragédia o diretor de cinegrafia da TV Liberal, Célio Costa, e o motorista e auxiliar de cinegrafia José Carlos Barbosa da Paixão.
RELATÓRIO SOBRE EXPLORAÇÃO SEXUAL
Cerca de 20 meses antes de morrer, ainda no ano de 2006, o assessor assinou um relatório com graves denúncias sobre o que estava acontecendo no município de Portel, no Pará, localizado na região do Arquipélago do Marajó.
Formentini tinha sido designado para investigar o caso após o então bispo da Ilha do Marajó, Dom José Luiz Azcona, denunciar ao chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que, dentre outros problemas sociais preocupantes, adolescentes estariam sendo vítimas de exploração sexual.
Após chegar à cidade de Portel, o assessor passou a investigar as denúncias e fez uma série de descobertas, que ele registrou em um relatório assinado no dia 26 de abril de 2006. No documento, foi citado o envolvimento de políticos da região com a prática de relação sexual com adolescentes. Uma das jovens, inclusive, teria sido violentada após ser trancada em um quarto com um vereador.
No relatório, Formentini também destacou que chegou a levar o caso para as autoridades locais, mas que percebeu que elas fizeram pouco caso dos relatos. Em outro ponto, o assessor disse, por exemplo, que percebeu que nem mesmo o promotor de Justiça da região demonstrou muito interesse por suas denúncias.
Por fim, o assessor disse que a família da adolescente abusada chegou até a receber ofertas para que esquecesse o caso. Formentini relatou que um dos valores oferecidos pelo “silêncio da família” teria chegado a R$ 25 mil (R$ 83,3 mil em valores atuais corrigidos pela inflação).
Deu no Pleno News