O site de notícias Diário do Poder ouviu o Promotor de Justiça pelo Estado do Piauí, Romulo Cordão, sobre os motivos para o avanço do crime organizado no Brasil. Para ele, há um comportamento ‘cada vez mais abrandante’ nas cortes superiores, que acaba por incentivar condutas criminosas.
Perguntado sobre recentes ameaças sofridas pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o promotor respondeu que o monitoramento de autoridades faz parte de um mecanismo de pressão que visa negociações diretas com o poder público.
Cordão, que é ex-delegado de Polícia Civil do estado da Paraíba, afirma que a premissa que baseia o crime organizado no Brasil é “onde há espaço você deve ocupar. […] Ou seja, pressione, pressione, pressione que o Estado sempre cederá”
Autor do livro Facções Criminosas: Análises Jurídicas e Estratégias de Enfrentamento, o promotor disse que “esse mecanismo de ameaçar grandes personalidades políticas é justamente para forçar o Estado, através dessa pressão, a ceder aos requerimentos, ceder aos gostos dessas organizações criminosas, isso já aconteceu em outros países, na Itália, sobretudo na época da máfia e no Brasil também, quando o PCC atacou em São Paulo, nos anos de 2006 e 2007”.
E completou: “Naquela ocasião mais de 400 policiais morreram e a ação do crime organizado acabou por ser paralisada devido a um suposto acordo entre o crime organizado e as autoridades da época, em São Paulo. Então vejam, a organização investiu na pressão, atacando instituições, atacando agentes públicos e o Estado. A ação do Estado foi sentar a mesa e negociar com o crime”
O promotor considera que recente decisão do Supremo Tribunal Federal (ADPF 635) burocratizou a entrada das forças policiais nas comunidades do Rio de Janeiro, criando exigências que tornaram impraticáveis a ação policial na contenção do tráfico de drogas. Cordão critica ainda que a decisão do STF não levou em conta as opiniões do Ministério Público e da Polícia.
Informação do Diário do Poder