Decisão para retirar macas dos corredores do Walfredo é descumprida há 20 anos

 

A existência de macas com pacientes internados nos corredores do Hospital Walfredo Gurgel é um problema recorrente no Rio Grande do Norte. Ano após ano, as cenas se repetem, com corredores superlotados e potiguares atendidos sem condições mínimas de dignidade. Nem mesmo a intervenção da Justiça é capaz de resolver a questão. Há 20 anos uma decisão judicial determina que o Estado pare de utilizar macas nos corredores para a internação de pacientes, sem que os governos sejam capazes de atender plenamente a determinação. A ação foi iniciada em 1999, a pedido do Ministério Público, e desde 2003 já teve pelo menos 3 determinações de cumprimento de sentença e acordos judiciais. Mesmo assim, o problema persiste.

O mais recente episódio da “novela” dos corredores do Walfredo Gurgel aconteceu no último dia 28 de julho, quando o juiz Artur Bonifácio, da 2ª Vara da Fazenda Pública, deu um prazo de 72 horas para que o Estado explique a situação do hospital. O processo judicial havia sido extinto no ano passado, após um acordo entre o Ministério Público e a Sesap. Contudo, neste ano, a Promotoria da Saúde constatou que os corredores voltaram novamente a abrigar dezenas de macas com pacientes e pediu mais uma vez o restabelecimento da ação e o cumprimento da sentença.
Essa tem sido uma rotina comum nos últimos 20 anos na tentativa do Judiciário de impedir a utilização dos corredores como local de internação. O juiz determina que os corredores sejam esvaziados, o Estado atende, a solução funciona por algum tempo, até que os problemas da rede pública de saúde saiam do controle e os corredores voltem a ficar repletos de macas. Aí a promotoria volta a pedir o cumprimento da sentença e o círculo vicioso é reiniciado. Na manhã desta sexta-feira (04), a TRIBUNA DO NORTE apurou, a partir das informações de funcionários do hospital que falaram sob a condição de anonimato, que existiam pelo menos 53 pacientes nos corredores do maior hospital do Estado aguardando cirurgias e internações.
Passados quase duas décadas de proferida a primeira decisão para esvaziamento dos corredores, em 2003, a situação de pacientes em macas fora de ambulatórios no Walfredo é comum e recorrente, seja pelo atraso no pagamento a hospitais privados conveniados, greves de funcionários ou falta de estrutura na rede, o que gera pedidos de cumprimento das sentenças e acordos judiciais. Aliado a essas questões, interlocutores da Saúde apontam que durante os últimos anos a rede pública pouco avançou na estruturação da rede.
“Na traumatoortopedia isso se dá pelo fato de que não temos um cinturão de barreira sanitária para atendimento pré-hospitalar. Ainda hoje chegam no Walfredo pacientes que não são o perfil do hospital. A superlotação hoje é causada fortemente por ausência de serviços em traumatoortopedia pré-hospitalar no interior. Ela também é reflexo de ainda chegar no WG pacientes da traumatortopedia de natureza não hospitalar”, explica a promotora do Ministério Público responsável por pedir o desarquivamento do processo no fim de julho, Iara Pinheiro Albuquerque. A promotora explica que o MP também entrou com ações judiciais nos últimos anos acerca de garantia de leitos na rede privada e procedimentos para apurar as regulações do Walfredo.

Apesar de todos os processos judiciais, a situação da saúde no Governo Fátima (PT) segue caótica e pacientes continuam morrendo nos corredores do mais Hospital do Estado.
Até quando ?
Informações da Tribuna do Norte

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