Trabalhadores que financiaram privatização da Eletrobras com o FGTS perderam até 18%

Recursos da Eletrobras já podem voltar para o FGTS

 

Aparente bom negócio há um ano, a privatização da Eletrobras é motivo de prejuízo aos trabalhadores que utilizaram parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para financiar a venda da empresa.

Até o mês de maio, os FMP (Fundos Mútuos de Privatização) criados para assegurar a desestatização acumulavam desvalorização entre 12,65% e 18,18%, segundo dados compilados pela TC Economatica (confira a relação abaixo).

No período, o valor de mercado da maior companhia de energia elétrica da América Latina caiu para R$ 89 bilhões, montante 11% inferior em relação aos R$ 100 bilhões anunciados no momento da privatização.

Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio da RJ+Investimentos, afirma que as perdas são motivadas pelo risco de interferência política na empresa. “Desde que assumiu, o presidente Lula vem aumentando a pressão e fazendo movimentos para retomar a influência na Eletrobras e o controle dela”, avalia ele.

“A gente tinha um governo levemente pró-privatização. O atual critica a venda de controle e tenta rever o movimento”, afirma Wagner Varejão, economista da Valor Investimentos. Ele, no entanto, avalia que as ações são “ruídos” diante da recente postura do Congresso Nacional contra retrocessos.

Os posicionamentos dos especialistas surgem em meio às inúmeras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à privatização da empresa. Ele defende a tese de que o poder de voto da União nas decisões da companhia seja proporcional à participação acionária na companhia de energia.

Atualmente, o governo mantém por volta de 43% das ações ordinárias, mas conta com o seu poder de voto limitado a 10%. A tentativa de ampliar o poder do governo está em análise no STF (Supremo Tribunal Federal). A retomada de controle, no entanto, resultaria em um gasto de R$ 161,7 bilhões a ser pago pelo poder público.

A derrocada da Eletrobras afeta diretamente 350 mil trabalhadores que reservaram ações da companhia com os recursos do FGTS. A oferta movimentou R$ 33,7 bilhões após cada papel da empresa ser tabelado em R$ 42. O teto para uso do FGTS era de R$ 6 bilhões, mas a demanda ficou em R$ 9 bilhões, o que resultou em uma redução dos valores reservados pelos trabalhadores.

Deu no R7

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