Faltam medicamentos básicos na rede pública e em farmácias no RN

 

Medicamentos básicos, como novalgina, dipirona, amoxicilina e até mesmo soros, estão em falta na rede pública municipal e nas prateleiras das farmácias potiguares. É o que apontam Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do RN (Sincofarm) e Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (Cosems), que temem que o desabastecimento causem mais transtornos à população. No cenário nacional, a cada dez cidades, oito relatam falta de remédios, segundo mostra uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

De acordo com o diretor do Sincofarm, Leandro Alencar, o cenário de escassez vem persistindo desde janeiro deste ano. A alta procura em períodos de surtos alternados de gripe, covid e arboviroses é um dos motivos para o desabastecimento nas farmácias. Quem precisa de um antibiótico, antialérgico ou antigripal tem cada vez mais dificuldade de encontrar os medicamentos nas prateleiras. “Isso vem acontecendo o ano todo. Algumas remessas chegam em pequenas quantidades, porém existe uma falta muito grande”, comenta.

É assim com a Novalgina Infantil e com o descongestionante nasal Nasoar, diz a farmacêutica Horrana Belo. “Tem sido assim há alguns meses já, hoje eles estão em falta e a gente não tem perspectiva. Depende dos fornecedores. Chegaram algumas remessas de poucas unidades, mas acaba muito rápido. Dipirona xarope também não tem. O Allegra D, que é um antialérgico, e o Allexofedrin, que o pessoal procura demais, também estão em falta. Há um tempo chegou uma carga de Nasoar, mas voou, acabou muito rápido. A novalgina e dipirona xarope faz muito tempo que sequer vem”, relata.

Leandro Alencar diz ainda que o desabastecimento de remédios rotineiros, que dispensam prescrição médica, tem impacto significativo para a população geral. “O prejuízo é direto para esse consumidor, que costumava fazer determinado tratamento com algum desses remédios”, afirma. Nestes casos, uma alternativa pode ser buscar orientação farmacêutica ou médica para uma possível substituição dos ativos. “É o que a gente tem orientado aos clientes. Buscar um outro medicamento com eficácia semelhante ou até igual. No caso dos antibióticos, a orientação é voltar ao médico para consultar sobre a substituição”, complementa.

A farmacêutica Ana Lídia, que trabalha em uma rede de drogarias, diz que antes de recomendar a substituição faz uma busca no sistema da rede para verificar se há disponibilidade do medicamento procurado em outras lojas. “É um procedimento que fazemos. As substituições a gente só consegue fazer quando é um medicamento de referência, que a gente troca por um genérico. Se for um antibiótico, a gente entra em contato com o médico, informa o que tem na farmácia e aí ela tem que voltar lá para prescrição”, explica.

De acordo com a presidente do Cosems Maria Eliza Garcia, a escassez é motivada pela alta procura e a falta de matéria-prima no mercado. “Os dois principais são esses. Principalmente nesse período de arboviroses, a procura aumenta muito, a indicação também, a produção foi afetada por causa do preço de produção, onde Ministério da Saúde publicou uma portaria baixando os preços de custo e a gente espera que isso seja resolvido em breve”, destaca Garcia.

Na rede pública, a falta da dipirona monoidratada, um dos medicamentos mais utilizados para alívio de febre e dor, é a que mais preocupa, diz Maria Eliza Garcia, presidente do Cosems. “Como a dipirona é tabelada, os produtores não estavam querendo mais produzir porque estava dando prejuízo. Isso é um fato, a gente tem ciência, no Brasil todo. A questão hospitalar já está tendo problemas por causa da dipirona. Só estamos conseguindo comprar não mais com preço de licitação porque os valores aumentaram devido a procura. A situação é preocupante”, detalha.

Além da dipirona, os baixos estoques de soro fisiológico e glicosado também afetam exames e procedimentos médicos. O soro fisiológico é utilizado para limpeza de ferimentos, nebulizações e infusões na veia nos casos de diminuição de líquidos ou sal no organismo, já o glicosado é usado como fonte de água, calorias em casos de desidratação ou reposição calórica, por exemplo.

Deu na Tribuna do Norte

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