OMS: teoria de origem da covid-19 em laboratório chinês deve ser investigada

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que se faça uma investigação aprofundada sobre a hipótese de a covid-19 surgido em um acidente de laboratório. A declaração é considerada controversa, uma vez que, em 2021, a entidade considerou essa possibilidade como “extremamente improvável”.

A nova posição indica uma possível revisão da avalição feita sobre as origens da doença e ocorre depois de críticos terem acusado a OMS de fazer vista grossa e descartar, com demasiada rapidez, a teoria de que a pandemia pode ter sido criada no Instituto de Virologia de Wuhan, na China.

Até o momento, a comunidade científica acredita ser mais provável que o vírus tenha sido transmitido a humanos a partir de morcegos ou outro animal como intermediário.

Apesar disso, em um relatório divulgado nesta última quinta-feira (9), um grupo de especialistas da OMS revelou que faltam “dados-chave” para apurar o início do coronavírus.

Os cientistas alegaram que “permanecerão abertos a toda e qualquer evidência científica que se torne disponível no futuro, para permitir testes abrangentes de todas as hipóteses razoáveis”.

Eles frisaram que, como os acidentes de laboratório no passado provocaram alguns surtos, a teoria, que foi altamente politizada, não pode ser descartada.

Identificar a fonte de uma doença pode levar anos. Demorou mais de uma década para os cientistas identificarem as espécies de morcegos que serviram como reservatório natural da síndrome respiratória aguda grave (SARS), outro coronavírus, detectado no Sul da China, no fim de 2002.

O virologista Jean-Claude Manuguerra, do grupo da OMS que investiga a origem da covid, reconheceu que alguns cientistas “podem ser avessos” à ideia de investigar a teoria do laboratório chinês, mas que é preciso manter a “mente aberta” para examinar essa hipótese.

O relatório pode reacender acusações feitas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, de que a organização aceitou inicialmente, sem questionar, as explicações do regime comunista chinês.

Jamie Metzl, que faz parte do grupo consultivo da OMS não relacionado com as investigações, sugeriu que os países do G7 criassem equipe própria para pesquisar as origens do vírus, alegando que a entidade não tem autoridade política, experiência e independência para realizar uma avaliação tão crítica.

Metzl saudou o pedido da OMS para uma apuração mais aprofundada sobre a teoria do laboratório, mas disse ser insuficiente. “O governo chinês se recusa ainda a partilhar dados brutos essenciais e não permite uma auditoria completa e necessária dos laboratórios de Wuhan”, declarou.

Em março do ano passado, o órgão divulgou relatório sobre as origens da doença, depois de uma visita de cientistas internacionais à China.

O relatório concluiu que a covid provavelmente passou de morcegos para humanos, e que não havia provas que sugerissem a origem em laboratório.

No entanto, depois de críticas feitas por autoridades da comunidade científica e líderes internacionais, incluindo alguns próprios pesquisadores da OMS, o diretor da agência reconheceu que era prematuro descartar a hipótese.

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