Nova técnica preserva fígado humano por 3 dias para transplante

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Uma técnica promissora permitiu que pesquisadores Universidade de Zurique, na Suíça, preservassem um fígado humano por 3 dias, até ele ser transplantado em um paciente.

Atualmente, a técnica mais comum é a conservação do órgão no gelo. No entanto, há uma limitação de 12 horas até o momento do transplante.

Segundo os médicos envolvidos, a nova cirurgia foi um sucesso e o paciente, de 62 anos – mesmo um ano após a realização do procedimento – permanece saudável e com uma qualidade de vida normal.

Todo o estudo foi publicado na revista científica Nature Biotechnology nesta terça-feira (31).

Técnica promissora

No caso do procedimento utilizado para esta cirurgia, o fígado foi transplantado de uma doadora de 29 anos e conservado antes da cirurgia por meio da técnica conhecida como máquina de perfusão hepática normotérmica ex situ (MPN).

“O procedimento é considerado promissor pois pode expandir o número de fígados disponíveis para transplante e, ao mesmo tempo, permitir que cirurgias sejam agendadas com dias de antecedência”, diz a publicação na Nature.

A técnica clínica simula o organismo humano ao fornecer oxigenação e nutrientes para o órgão na temperatura normal do nosso corpo, ou seja 37ºC.

Conserva em até 10 dias

A MPN permite a conservação das estruturas doadoras por mais tempo, em até cerca de 10 dias, como já haviam mostrado alguns estudos anteriores sobre o tema.

Alguns dias após a cirurgia, que aconteceu em 2021, o paciente recebeu alta e, um ano depois, apresenta bom estado de saúde, segundo a equipe.

“Estou muito grato pelo órgão que salva vidas. Devido ao meu tumor em rápida progressão, eu tinha poucas chances de obter um fígado da lista de espera dentro de um período de tempo razoável”, disse o paciente em um comunicado.

Novos horizontes

Apesar de já ser uma técnica conhecida na Medicina e tema para inúmeras pesquisas, nenhum desses estudos realizados até então haviam descrito transplantes em humanos.

“Este sucesso clínico inaugural abre novos horizontes na pesquisa clínica e promete uma janela de tempo estendida de até 10 dias para avaliação da viabilidade de órgãos doadores, além de converter uma cirurgia urgente e altamente exigente em um procedimento eletivo”, disseram os autores da pesquisa.

O cirurgião de transplante hepático Yuri Boteon, do Hospital Israelita Albert Einstein, que não teve relação com o artigo da Nature, explica que esse é o primeiro relato da realização de um transplante do tipo após um período de manutenção tão prolongado (3 dias).

Yuri chegou a trabalhar com uma técnica parecida no Reino Unido e agora vem atuando para implementar a tecnologia no Brasil.

Ele contou que a prática vai beneficiar muito os pacientes que estão na fila de espera por um órgão em todo o país, pois facilitar o transporte do órgão entre localidades mais distantes.

“Esse achado abre o potencial para a realização de tratamentos de órgãos no equipamento e sua preservação até o momento mais oportuno para a realização do transplante”, diz.

“Embora mais estudos sejam necessários para confirmar os achados descritos na publicação desse caso, esses resultados são promissores pois sugerem a segurança e viabilidade da preservação de órgãos de doadores na máquina de perfusão hepática normotérmica extracorpórea por dias”, finalizou.

 

 

O cirurgião Pierre-Alain Clavien e o paciente após alta hospitalar - Foto: Christoph Stulz/USZ
O cirurgião Pierre-Alain Clavien e o paciente após alta hospitalar – Foto: Christoph Stulz/USZ

 

Informações da CNN

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