Brasília (AE) – O novo comando da Petrobras vai trabalhar para segurar os reajustes de combustíveis e dar mais “previsibilidade” de preços em tempos de guerra na Ucrânia, e isso pode levar até mesmo à mudança no estatuto da estatal para que a União não precise bancar prejuízos por uma mudança da política de preços. O presidente Jair Bolsonaro quer reduzir a frequência dos reajustes, como mostrou o Estadão. O governo não descarta suspender a paridade de preços com o mercado internacional em momentos de crise. Nesta quarta-feira (25), o Conselho de Administração da Petrobras se reúne para avaliar o nome de Paes de Andrade.
A demissão de José Mauro Coelho da presidência da empresa e a possibilidade de mudanças derrubaram nessa terça-feira (24) as ações ordinárias da Petrobras, que fecharam em queda de 2,85% na B3, após recuo de mais de 4% no início do dia. Já nos Estados Unidos, as ações chegaram a cair 13,6% na negociação pré-mercado, antes da abertura, e fecharam com queda de 3,8%.
O presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar José Mauro Coelho, no cargo há pouco mais de 40 dias, por Caio Paes de Andrade, secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. Será o quarto presidente da estatal na gestão Bolsonaro.
Outra justificativa é que a Petrobras é tão dominante no mercado que poderia ser mais “sensível” ao impacto que sua política de preços causa na economia como um todo, inclusive para a inflação – “podendo dar a sua contribuição neste momento”. O lucro recorde no primeiro trimestre, de R$ 44,56 bilhões, mais de 3 000% a mais do que no mesmo período de 2021, reforçaria esse ponto de vista. Uma leitura menos literal da Lei das Estatais, porém, pode ser questionada pelos acionistas.
O governo vai insistir que não está se distanciando do discurso pró-mercado. Em nota, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, reforçou o compromisso de respeito à governança, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Petrobras.
Em fato relevante, a Petrobras informou que, se a demissão de José Mauro Coelho da presidência da companhia for aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ocorrerá a destituição de todos os membros do Conselho eleitos como ele, por meio do voto múltiplo. A estatal terá, assim, de realizar uma nova eleição para esses cargos. O processo deve levar até 45 dias para ser concluído. Até lá, José Mauro continua no comando.
Deu na Tribuna do Norte