Dona Flor e seus dois maridos

Por Renato Cunha Lima

Uma das melhores obras do inesquecível baiano Jorge Amado é “Dona Flor e seus dois maridos”, na qual foi adaptada para o cinema na direção do Bruno Barreto em 1976.

Deste então, a cena antológica da Sônia Braga, a Dona Flor, descendo uma das ladeiras do Pelourinho ladeada do José Wilker, o Vadinho e do Mauro Mendonça, na personagem do Dr Teodoro Madureira, configuram ícone do imaginário cultural brasileiro.
Neste ano de eleições, onde estamos assistindo uniões exdrúxulas, como a do ex-tucano Geraldo Alckmin com o ex-condenado Lula,  nada mais é impossível, nem mesmo imaginar a Fátima Bezerra descendo a ladeira do sol com seus dois candidatos ao Senado.
O que será que será?  O petista Chico Buarque, compositor da música tema do filme de Bruno Barreto , bem poderia fazer o jingle para a chapa que pode reunir o camarada Carlos Eduardo Alves e o queridinho Rafael Motta com a Dona Fátima.
A dúvida fica em saber quem incorporará a personagem Vadinho, um mulherengo, jogador inveterado e excelente amante e quem, por sua vez, atuará como o Dr Teodoro Madureira, homem pacato, estável e sem graça nesta adaptação potiguar.
De fato a governadora Fátima Bezerra deseja os dois, um pulou da oposição para a situação e o outro agrada a extrema esquerda, uma situação bem agradável, com ambos pedindo votos para sua reeleição.
A bigamia eleitoral deve receber aval do TSE, que analisa consulta do Delegado Waldir, União Brasil – GO, questionando se partidos coligados podem lançar separadamente candidatos ao Senado ou se a chapa deve ter apenas um nome na disputa. O relator é o ministro Ricardo Lewandovsky e o MPF já proferiu parecer favorável.
A questão que Carlos Eduardo olha para Rafael Motta como um fantasma surgindo  para lhe atormentar a vida.  Não vai demorar para o ex-prefeito de Natal apontar para as fragilidades do Deputado.
Por exemplo, citando os envolvimentos do pai de Rafael Motta em escândalos de corrupção, como na operação Dama de espada, operação Capuleto e na operação Candeeiro, essa última com delação premiada afirmando que parte dos recursos desviados do Idema bancou a primeira eleição do deputado federal.
Por sua vez, o Carlos Eduardo precisará mostrar como vai lidar com a dubiedade de pertencer ao PDT de Ciro Gomes e ter uma aliança com o PT de Lula. A militância radical do PT não quer ouvir falar no Camarada Carlos.
Não sei se o rebolado da Dona Fátima será capaz de resolver o egocentrismo do Carlos Eduardo nas relações políticas e a insegurança juvenil do “playboy” Rafael Motta, mas ela quer os dois e deverá tê-los.
O grande problema da Dona da Fátima vai bem além dos seus dois aliados, na prática a bronca está nela própria, que faz um governo apático,  sem realizações,  que amargou o segundo pior PIB do país e agora recebe o título de vice campeão em abandono escolar.
Sobre esse título vergonhoso para um governo petista de uma professora, uma reflexão: Quem hoje mata, rouba e trafica nasceu ou era criança durante o governo Lula, que outro dia lamentou adolescentes assasinados pela polícia, somente porque roubaram um celular.
Por fim…
O que será que será?
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem juízo.
Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor

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