O setor de alimentação fora do lar em Natal mostrou indícios de recuperação nos primeiros meses de 2022. Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/RN), 41% dos estabelecimentos da capital disseram que janeiro de 2022 foi melhor que o mesmo período do ano passado. O número de empresários que relataram prejuízo nesse mês (37%) ficou abaixo da média registrada nacionalmente, que correspondeu a 43%.
Em uma análise mais aprofundada, a pesquisa também apontou que 24% dos estabelecimentos obtiveram lucro em suas atividades enquanto 37% permaneceram em equilíbrio econômico no período estudado. Comparado ao mês de dezembro de 2021, 44% disseram ter um faturamento menor em janeiro. De acordo com Max Fonseca, conselheiro nacional da Abrasel, o setor potiguar tem uma capacidade de recuperação muito rápida.
“Todas as evidências mostram que o RN tem se recuperado acima da média brasileira, até liderando em alguns momentos, e isso é muito bom. Vimos no primeiro ano da pandemia em 2020, quando em dezembro já tínhamos voltado aos níveis de emprego e de recolhimento de impostos anteriores à pandemia. Esse cenário vai ajudar as empresas nessa busca pela recuperação, já que muitos ainda operam no vermelho e tem empréstimos que tiveram reajustes acima do que era programado inicialmente”, disse.
Outro aspecto analisado foi a forma de pagamento escolhida pelos potiguares. Os dados mostram que 82% dos clientes usam o cartão de crédito como meio preferencial para pagamento nos locais, enquanto 13% usam a função de débito. Do mesmo modo, no serviço de delivery, a opção de crédito continua sendo a preferida por 76% dos clientes, com 10% utilizando o pagamento por débito e 2% pagando com dinheiro.
No entanto, a alta dos combustíveis que tem afetado a população de forma intensa também impacta o setor de alimentação fora do lar, algo que nem sempre é lembrado pelos consumidores e que acaba sendo refletido no preço dos serviços e produtos. “Na economia brasileira, o combustível é um dos itens mais sensíveis e ele afeta tudo. Todos os nossos insumos em algum momento precisam do transporte e aí é natural que haja repasses de preço, não temos condições de absorver mais um impacto”, explica Max, também proprietário do Chopp Camarão.
O empresário aponta que por o Rio Grande do Norte não ser um grande produtor de alimentos, a grande maioria dos insumos que chegam por via rodoviária, causando um primeiro grande impacto na cadeia. Do mesmo modo, outros setores como o de serviços que trabalha em conjunto com bares e restaurantes sofre impactos e repassa os preços gerando um ciclo vicioso econômico.
Cenário
Na Avenida de Ponta Negra, zona Sul da cidade, o restaurante Curió comemora uma boa temporada de alto verão. Seu gerente geral, Samuel Silva, diz que o mercado da gastronomia passou por um período difícil mas já é possível enxergar uma melhoria e um futuro bem promissor. “Temos percebido que, mesmo com todos os problemas que temos enfrentado, essa retomada tem sido boa. Tivemos um verão muito bom e recebemos bastante turistas”, relata.
Localizado na mesma região, o Faaca Boteco e Parrilla ainda tem um movimento muito volátil nas suas atividades. Segundo o gestor Bruno Marques, houve uma queda no consumo na segunda quinzena de janeiro que persiste até então. “No meio de janeiro para o final verificamos uma queda. Tentamos fazer algumas ações com turistas, associados e conveniados de empresas, e mesmo assim o movimento não apareceu, Com o Carnaval, tivemos uma melhora no final de fevereiro mas após isso sentimos uma baixa no número de pessoas andando na rua”, diz.
No Goodala Burger, a proprietária Flávia Aguiar vê o aumento do movimento presencial atrelado às politicas públicas de saúde. Em novo endereço, o restaurante também virou espaço cultural, o que também atraiu clientes para conhecer o espaço. “A partir da campanha de vacinação, as pessoas se sentiram mais seguras para sair e consumir”, comenta.
Os três gestores acreditam que a cobertura vacinal da população potiguar tem contribuído para a retomada do setor. “Com essa cobertura vacinal, as pessoas se sentem mais seguras em consumir no local, muito diferente do mesmo período no ano passado”, complementa Flávia.