Cidade, Meio Ambiente

Palhaçada: IDEMA convoca imprensa para dizer que não libera obra de engorda de Ponta Negra

 

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) convocou a imprensa potiguar na tarde desta terça-feira, 16, para esclarecer que, dos 17 questionamentos enviados à Prefeitura de Natal, apenas nove foram respondidos a contento.

O instituto afirmou que ainda faltam oito pontos a serem esclarecidos para que a Licença de Instalação e Operação (LIO) seja emitida.

Em nota, o Idema comunicou que não liberou a licença e convocou uma coletiva de imprensa para apresentar os questionamentos. Para continua o processo de liberação da LIO, será necessário que a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) responda os apontamentos do instituto. O órgão deu um prazo de 30 dias para a pasta enviar os questionamentos respondido.

Confira abaixo:
Visando dar continuidade a análise do processo de pedido de Licenga Ambiental do empreendimento a ser implantado no município de Natal/RN, faz-se necessário que o interessado: SECRETARIA MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA proceda com a entrega da documentação.

  1. Apresentar Relatório conclusivo da Consulta Livre, Prévia e Informada realizada com as comunidades tradicionais presentes na área do empreendimento.
  2. Apresentar levantamento hidrográfico compatível com as propostas de monitoramento descritas no Programa de Monitoramento das Cotas Batimétricas, as quais levam em consideração uma área de 9km? até isóbata de 12m (pág 125, Figura 01 do documento “Planos e Programas Ambientais”), e não somente para as áreas da Jazida e do Aterro hidraulico conforme apresentado pelo empreendedor. Ou ainda, apresentar justificativa técnica de que a metodologia anexada aos autos do processo atende ao Programa de Monitoramento das Cotas Batimétricas.
  3. Apresentar levantamento inicial da ictiofauna presente na área da jazida para subsidiar os paråmetros do Programa de Monitoramento da biota aquática (item 3.2.5 do documento Pesquisa para desenvolvimento e acompanhamento de planos e programas ambientais das obras de contenção da erosão costeira da Praia de Ponta Negra, Natal-RN – Produto 2 Planos e Programas Ambientais”), tendo em vista que estes dados não foram apresentados aos autos do processo.
  4. Apresentar diagnóstico socioeconômico inicial da atividade pesqueira, com dados iniciais pré-monitoramento, que subsidiarão a definição dos valores indenizatórios e os parâmetros do Programa de Acompanhamento da atividade pesqueira (item 3.2.4 do documento “Pesquisa para desenvolvimento e acompanhamento de planos e programas ambientais das obras de contenção da erosão costeira da praia de Ponta Negra, Natal-RN – Produto 2 Planos e Programas Ambientais”), pois foi apresentado apenas o questionário aplicado na comunidade pesqueira da praia de Ponta Negra.
  5. Apresentar alternativas de mitigação dos impactos locais dos grupos diretamente afetados durante a fase de implantação do empreendimento, considerando o relatório socioeconômico, atentando para os seguintes tópicos:
    a. A respeito das atividades de navegação, pesca, incluindo o comércio de pescados, atividades náuticas recreativas e esportivas da área de marinha visando a continuidade destas atividades diárias no período em questão evitando ao máximo alterações na dinâmica econômica local e regional.
    b. Atentar para as demais atividades mantidas na faixa de praia e calçadão como comércio ambulante, quiosques, turismo, esportes, lazer e demais usuários permanentes a fim de que tais atividades continuem sendo executadas em concomitância à instalação da obra no intuito de dirimir possíveis perdas de renda e insegurança alimentar visto que muitos destes trabalhadores dependem exclusivamente de suas atividades na praia.
    c. Garantir condigões suficientes para o sustento das atividades realizadas equivalente aos periodos anteriores à instalação do empreendimento
  6. Apresentar dados complementares que considerem as espécies encontradas nos períodos de estiagem, que compreende os meses de setembro a novembro, conforme constam no Programa de Monitoramento da Biota Aquática, em periodo anterior ao inicio da intervenção para as obras de engorda.
  7. Apresentar informações, com coleta de dados de campo, sobre aves migratórias que ocorrem na região e que podem ter suas áreas de alimentação e descanso afetadas pela engorda de Ponta Negra, tendo em vista que foram apresentados apenas dados secundarios e que precisam ser validados pelas coletas de campo Conforme Programa de Monitoramento de Aves Migratórias.
  8. Apresentar projetos de drenagem de águas pluviais contendo detalhamento dos dissipadores 02 ao 06, bem como, dissipador existente na Via Costeira (trecho compreendido entre dissipador 01 e SERHS Natal Grand Hotel & Resort), com cotas legíveis de todas as dimensões e, conforme executado (As built), acompanhando de cronograma atualizado da execução das obras de todo o sistema de drenagem, tendo em vista que foi apresentado projeto diferente do executado;

    Diante do exposto, fica estabelecido o prazo de 30 (trinta) dias para atendimento às solicitações, em cumprimento ao disposto na Instrução Normativa- SEI no 1, de 15 de janeiro de 2021, que dispõe sobre a comunicação dos atos processuais enviados pelo sistema eletrônico Comunica do IDEMA. Vale ressaltar que, ao longo da análise do processo, podem ser solicitados novos documentos. Bem como, após a realização da vistoria na área.

 

Deu na Tribuna do Norte

Cidade

Sem licença ambiental, engorda da praia pode ficar para 2025

 

A obra de engorda da praia de Ponta Negra corre o risco de ficar para 2025 se a Licença de Instalação e Operação não for emitida o quanto antes pelo Idema, de acordo com o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita. A situação preocupa em razão dos impactos econômicos e ambientais que podem ser provocados. A draga que irá executar a engorda ficará parada em Natal até esta sexta-feira (5), à espera da LIO. Após isso, o equipamento será levado para outra cidade. De acordo com a empresa responsável, a DTA, os custos operacionais da draga giram em torno de R$ 500 mil por dia.

O Idema disse na terça-feira (2) que o prazo esperado para análise da LIO “certamente não irá se concretizar” por causa da complexidade de informações e documentos. Procurado novamente nesta quarta-feira (3), o órgão repetiu a declaração. A DTA disse que irá aguardar um desdobramento para se posicionar de forma mais clara sobre a questão, mas informou que a draga “não pode ou não deve ficar parada” e, uma vez que a prefeitura não irá arcar com os custos diários, o equipamento será mobilizado para  “outro projeto, retornando a Natal quando sair a LIO”.

De acordo com a empresa, os custos diários envolvem, ainda, valores referentes a rebocadores, guindastes flutuantes, embarcações de apoio, tubulações rígidas e flexíveis, mangotes de borracha, ball joints, poitas/ancoragens e vários tratores e máquinas para operação em terra durante o despejo na praia. O secretário Thiago Mesquita disse que a inviabilidade financeira para manter o equipamento parado e o aprofundamento dos efeitos para o Morro do Careca, especialmente, são os fatores que mais preocupam diante da possibilidade de início da obra somente em 2025.

De acordo com ele, um Estudo de Impacto Ambiental apresentado pelo município ao Idema apontou que o período ideal para a realização da obra é entre julho e o final de outubro, por conta de questões relacionadas ao meio ambiente. “A partir de novembro, existem aspectos complexos a serem considerados, como migração de aves e de animais aquáticos, além de  correntes marítimas e maré mais agitada, que obrigaria a reduzir bastante a quantidade de horas diárias para executar a engorda”, explica Mesquita.

Sem a realização da obra agora, o secretário esclarece que outro período mais conveniente, do ponto de vista da chamada janela ambiental, seria janeiro de 2025, mas isso causará fortes impactos para a economia da cidade, ancorada no turismo e cujo cartão postal é Ponta Negra. “A outra opção seria deixar para julho do ano que vem, o que é um absurdo, porque nós comprometeríamos demais  o Morro do Careca com o processo erosivo”, diz.

Questionado sobre o que o Município irá fazer diante da iminente possibilidade de a licença não sair no prazo esperado, o secretário disse não ter ainda um posicionamento sobre a questão. Questionado se existe possibilidade de acionar a Justiça, Mesquita respondeu que é algo a ser bastante discutido internamente e preferiu não dar nenhuma outra declaração sobre possibilidades a esse respeito.

“A gente vai ter um posicionamento sobre isso se realmente a draga for embora. O que nós queremos é executar a obra, já que  estamos prontos para fazer isso”, afirmou Thiago Mesquita. Já a DTA disse que espera o cumprimento do prazo estimado. “Estamos certos de que o Idema irá resolver dado o grande apelo social e político dessa obra, sem gerar a sua inviabilidade econômica”, declarou a empresa.

Demora preocupa 

trade turístico

O trade turístico também vê com bastante preocupação a morosidade para o começo da engorda. Os efeitos negativos para o segmento são a principal dor de cabeça para quem acompanha de perto a questão. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do RN (ABIH-RN), Abdon Gosson, disse que o setor não pode aceita esta situação, fruto, segundo ele, de descaso do poder público.

“A praia de Ponta Negra e o Morro do Careca, o mais conhecido cartão postal do estado, merecem atenção para não morrerem e acabarem, pois têm sido esquecidos por todos que aqui passaram. Uma região sem cuidado que reflete na ausência do potiguar e deixa uma péssima imagem da cidade aos turistas que nos visitam. O turismo de Natal, em especial, o turismo do Rio Grande do Norte, não vai aceitar uma situação dessa. Isso é um clamor único de todos aqueles que fazem o setor”, afirma Gosson.

Paolo Passariello, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RN) disse esperar que os atrasos sejam evitados.  “É óbvio que isso [a morosidade pelo início da engorda] vai atrasar tudo que era a previsão de ter uma praia urbana que possa ser usufruída de forma mais organizada e mais atrativa para o turismo, motor de nossa cidade. Confiamos que tudo pode ser resolvido quanto antes e a obra não  atrase”, comenta Passariello.

Deu na Tribuna do Norte