A ministra Cármen Lúcia assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite desta segunda-feira (3). Em seu primeiro discurso como presidente, ela criticou o ódio disseminado nas redes sociais e se comprometeu a combater a “mentira digital”. Esta é a segunda vez que a magistrada comandará a Corte eleitoral.
“Mais uma vez é ano de eleições livres e democráticas no Brasil… O que distingue esse momento da História dos outros é o ódio e a violência, agora, utilizados como instrumentos por antidemocratas para garrotear as liberdades, contaminar escolhas e aproveitar-se do medo, como vírus a adoecer pela desconfiança as relações de cidadãos”, disse a ministra. “Esses ódios parecem intransponíveis: não são. Contra o vírus da mentira há o remédio eficaz da liberdade de informação séria e responsável”, enfatizou.
A ministra afirmou que as mentiras espalhadas nas plataformas digitais são um “desaforo tirânico contra integridade das democracias”. Cármen Lúcia disse ainda que essas mentiras são usadas para plantar o “medo para colher a ditadura”, seja “individual ou política”.
“As mentiras que nas redes sociais se maquinam, alimentando indústrias e enricando seus donos, não substitui a vida, mas dificulta a ação responsável das pessoas. A mentira é um insulto à dignidade do ser humano, um obstáculo para o exercício pleno das liberdades”, afirmou.
A presidente do TSE reforçou que “a mentira continuará a ser duramente combatida, o ilícito será investigado e, se provado, será punido na forma da legislação regente”. “O medo não tem assento em alguma casa de Justiça. Até porque, como lembrava Ruy Barbosa, ‘não há salvação para juiz covarde’”, afirmou.
“Se não rompermos o cativeiro digital, chegará o dia em que as próprias mentiras nos matarão”, acrescentou a magistrada. O ministro Nunes Marques também foi empossado como vice-presidente do TSE.
Cármen Lúcia agradece a Moraes por ação “rigorosa” nas eleições de 2022
No início do discurso, a ministra agradeceu a Alexandre Moraes “como cidadã e juíza” por sua atuação “rigorosa e firme” nas eleições de 2022 e após os atos de 8 de janeiro de 2023. Moraes, agora ex-presidente do TSE, elogiou a trajetória da Cármen Lúcia no início da solenidade.
Ele deixa o TSE e sua vaga será ocupada pelo ministro André Mendonça. Apesar de não ser praxe, Moraes discursou brevemente e ressaltou que Cármen Lúcia conduzirá eleições “livres” e “transparentes”.
“Com sabedoria, firmeza e sensibilidade [Cármen Lúcia] garantirá em 2024 eleições livres, seguras e transparentes, fortalecendo cada vez mais a nossa sólida democracia”, disse o ministro.
Lula, Pacheco e Lira participam de cerimônia de posse
Mais de 300 convidados acompanharam a cerimônia na sede do TSE. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, integraram a mesa de honra. Ministros do STF e do próprio TSE também participaram do evento.
Entretanto, apenas o procurador-geral da República, Paulo Gonet; o corregedor-geral Eleitoral, ministro Raul Araújo; e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, discursaram durante a solenidade.
Gonet destacou que a ministra demonstrou, no atual período no TSE, a “firme disposição de confrontar os abusos de toda a sorte que ameaçam as altas expectativas de correção do processo de escolha dos representantes populares”, principalmente contra práticas discriminatórias nas eleições.
Araújo afirmou que a ministra é uma “julgadora talentosa” com “destacada atuação” no Supremo. Araújo destacou que Cármen Lúcia está capacitada para ser a “possível articuladora de um fundamental diálogo político pacificador, aguardado e até ansiado pela maioria da população”.
Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), também compareceram.
Informações da Gazeta do Povo