O presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, faz coro com o treinador do América, Marquinhos Santos, se mostrando favorável à paralisação do Campeonato Brasileiro, em decorrência da crise humanitária registrada pelas cheias no Rio Grande do Sul. O dirigente está se antecipando a uma consulta pública realizada aos clubes pela confederação brasileira, que marcou uma importante reunião para o próximo dia 27 de maio, quando definirá sobre a manutenção do calendário do futebol.
A entidade afirmou ainda que a reunião contará com os presidentes dos 20 clubes da Série A e também vai discutir “questões de direitos de transmissão e patrocínios”. A CBF vem recebendo uma forte pressão para interromper o calendário. No dia 9 de maio, o Governo Federal oficializou à entidade que controla o futebol no país, um pedido de paralisação do futebol em meio à tragédia climática gaúcha. A ação foi endossada por presidentes de clubes, como Alberto Guerra, do Grêmio, e Alessandro Barcellos, do Internacional, e também por jogadores, como o meia Giuliano, do Santos.
Com a situação caótica, muitos atletas se mobilizaram para ajudar as vítimas, como o goleiro do Grêmio, Caique, que utilizou jet-sky para resgatar ilhados, e o arqueiro do Inter, Sergio Rochet, que se voluntariou na distribuição de alimentos.
“A FNF é favorável à paralisação dos jogos sim. Mas isso dentro de princípios que venham a acompanhar esse tipo de decisão, pois vão ocorrer causas, consequências e necessitamos ter um planejamento de retomada. Nós imaginamos que ninguém pode duvidar do clamor que atravessa o RS, onde todos os segmentos, não apenas o futebol daquele estado, atravessam graves dificuldades. Quando se envolve vidas humanas, não há o que se discutir, temos apenas de mostrar bom-senso para adotar providências que contemplem o restante do contexto que circula o mundo do futebol”, afirmou o dirigente potiguar.
José Vanildo explica que existem diversos modos de agir, podendo realizar, inclusive, uma paralisação parcial, concedendo aos clubes gaúchos algumas prerrogativas especiais. Na Série D, por exemplo, vários grupos não contemplam clubes do estado atingido pelas cheias e, nestes casos, poderiam se dar sequência aos jogos. Mas essa questão irá exigir um planejamento muito detalhado da diretoria de competições da CBF, segundo o presidente da FNF.
O posicionamento da federação de futebol não leva em consideração a opinião dos clubes locais que estão na disputa do Campeonato Brasileiro, casos de ABC, América, Potiguar e Santa Cruz. O dirigente afirmou apenas estar respondendo a uma consulta realizada pelo Governo Federal, através da CBF, e ressaltou que os responsáveis pelos clubes potiguares terão total liberdade para se expressar, uma vez que o assunto vem gerando uma certa polêmica dentro do futebol.
“É uma decisão que irá intervir de forma direta no dia a dia dos clubes e a decisão tomada pode gerar uma grave interferência na gestão da agremiação. De minha parte prefiro aguardar as consequências e as soluções que serão apresentadas diante do ato de uma interrupção do calendário”, destacou.
Em relação a briga por uma terceira vaga na Copa do Brasil na próxima temporada, José Vanildo ressaltou que a FNF, neste momento, ainda se encontra 30 pontos na frente da Federação do Maranhão, ocupando de forma provisória a 14ª colocação no Ranking das Federações da CBF, o que garantiria uma vaga extra na competição nacional em 2025. Mas a situação merece uma atenção especial, porque o futebol potiguar vem passando por um momento de grande instabilidade no Brasileirão e os maranhenses ainda possuem condições de reagir e recuperar a posição. Sem a terceira vaga, os representantes potiguares na Copa do Brasil seriam América e Santa Cruz, os dois primeiros colocados na classificação geral do Campeonato Potiguar. Abrindo a terceira vaga, esta seria do ABC.
Deu na Tribuna do Norte