Universidade de elite dos EUA não vai mais exigir que professores declarem apoio às políticas identitárias

Foto: Congresso dos Estados Unidos

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) não exigirá mais “declarações de diversidade” em seu processo de contratação de professores – e será a primeira universidade americana de elite a abandonar essa prática.

A decisão foi tomada pela presidente da instituição, Sally Kornbluth, com o apoio do pró-reitor e de seis decanos acadêmicos.

Esse tipo de declaração tem sido contestada por obrigar potenciais membros do corpo docente a jurar fidelidade à ideologia da diversidade, equidade e inclusão.

Para os críticos, ao exigir adesão à ortodoxia progressista e às políticas identitárias, o expediente viola princípios da liberdade acadêmica e intelectual no ensino superior.

“Meus objetivos são aproveitar todo o espectro do talento humano, trazer o melhor para o MIT e garantir que todos prosperem enquanto estiverem aqui. Podemos construir um ambiente inclusivo de muitas maneiras, mas declarações obrigatórias afetam a liberdade de expressão e não funcionam”, disse Kornbluth em um comunicado.

Nos últimos anos, o MIT exigiu declarações de diversidade em todas as suas disciplinas acadêmicas, incluindo os departamentos de ciências e engenharia nuclear.

O ambiente no campus do MIT e a própria Sally Korbluth foram alvos de uma intensa investigação quando ela testemunhou perante o Congresso, no ano passado, durante um painel sobre o antissemitismo nos campi.

Korbluth teve dificuldade em afirmar se as manifestações de cunho antissemita, iniciadas pelos estudantes após os ataques do Hamas a Israel, violavam as políticas da instituição.

Por outro lado, a gestora – que se explicou ao lado das ex-presidentes das universidades da Pensilvânia (Liz Magill) e de Harvard (Claudine Gay) – também disse não acreditar que a imposição de “códigos de fala” funcionam para promover um ambiente de livre expressão no campus.

Magill apresentou aos congressistas um discurso semelhante ao de Kornbluth, porém renunciou pouco depois.

Da mesma forma, Claudine Gay pediu seu afastamento do cargo após cair em desgraça tanto por seu depoimento evasivo no Congresso quanto pelo escândalo de plágio que implicou grande parte de sua produção acadêmica.

Membros do Comitê de Educação e Trabalho da Câmara atualmente investigam os acampamentos pró-Palestina montados em diversos campi nas últimas semanas, enquanto Israel continua seu esforço de guerra contra o Hamas.

Políticas identitárias burocratizam o funcionamento dos campi norte-americanos

A orientação anterior do MIT sobre declarações de diversidade para a contratação de professores enfatizava explicitamente seu objetivo de conhecer o entendimento do candidato sobre o conceito de DEI (diversidade, equidade e inclusão) e seu histórico na promoção dessas ideias.

“As declarações de DEI devem retratar o quanto o professor se preocupa com a inclusão acadêmica de vários grupos identitários”, dizia a antiga diretriz.

Como resultado dessa política, universidades de elite em todo o país incorporaram enormes burocracias de DEI à vida estudantil e às suas hierarquias administrativas durante o auge do movimento Black Lives Matter [“Vidas Negras Importam”], no verão de 2020.

Em contrapartida, estados governados pelo Partido Republicano vêm tentando impedir essas práticas nos campi, sob a justificativa de que elas promovem a ideologia de esquerda e impõem a conformidade acadêmica.

A expectativa, agora, é que outras instituições sigam o MIT e revejam a obrigatoriedade da apresentação desse documento.

Deu na Gazeta do Povo

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