Carros 100% elétricos se desvalorizam mais que modelos híbridos e a combustão

 

Os carros totalmente elétricos se desvalorizam mais que os híbridos e os movidos a combustão. No primeiro ano, os 100% elétricos perdem em média 20% do valor, enquanto que nos híbridos a depreciação é de 18% e nos carros a combustão, de 15%. Os dados, relativos ao mercado brasileiro, são da empresa especializada em precificação de veículos KBB Brasil.

A explicação para a desvalorização maior dos carros totalmente elétricos está na percepção e na insegurança do próprio consumidor com esses modelos, segundo o head de Precificação da KBB, Fernando Barros.

“O carro elétrico ainda é visto como uma novidade no Brasil, o que gera receios. Quem compra um carro elétrico costuma ter um alto poder aquisitivo e prioriza a aquisição de um modelo zero quilômetro. Então, ele sempre vai comprar carros novos”, diz o executivo.

Ele explica que esse comportamento interfere nos preços de carros novos, à medida que as novidades chegam cada vez com mais frequência ao mercado e os motoristas querem atualizar suas garagens. A defasagem entre os modelos elétricos, com isso, acaba sendo mais rápida — o que respinga no mercado de seminovos.

“Quando o carro elétrico vira seminovo, dificilmente será absorvido pelo público que prioriza o carro novo. Isso pressiona o mercado a reduzir o seu preço para caber em uma faixa de orçamento mais baixa. O que, aliado à incerteza sobre a tecnologia e ao produto, acaba gerando depreciação em comparação com híbridos a veículos a combustão”, diz Barros.

Outros fatores externos que pressionam os valores para baixo são as dúvidas quanto ao desempenho e descarte das baterias e pontos de recarga.

Barros exemplifica com três modelos da categoria hatchback (ou “hatch”) com faixa de preços entre R$ 200 mil e R$ 300 mil para carro zero quilômetro.

O Nissan Leaf Tekna elétrico, por exemplo, se desvalorizou em cerca de 30% de janeiro a dezembro de 2023, passando de um anúncio médio de R$ 296 mil para R$ 205 mil ao longo do ano. Nesse caso, pontua Barros, também pesaram o anúncio da Nissan de tirar o carro de linha e descontos.

Enquanto isso, o Mini Cooper Countryman Exclusive All4 1.5, que é híbrido, teve depreciação de aproximadamente 12%, com valor caindo de R$ 251 mil para R$ 220 mil no período.

O valor e padrão dos carros de entrada dos modelos elétricos e híbridos são bem mais altos que os de combustão. Por isso, Barros usou um modelo da BMW 118i Sport GP a gasolina para fazer a comparação. O carro da marca alemã teve valorização de 1,4% no período. Em janeiro, custava na faixa de R$ 292 mil e no fim do ano, R$ 296 mil.

Nesse caso específico, como a espera por um modelo novo estava longa, o consumidor preferiu comprar logo o seminovo, o que empurrou o preço médio para cima.

Segundo Barros, a receptividade dos motoristas hoje é maior para os híbridos por causa da mecânica, com a qual o consumidor está mais familiarizado. A escolha é motivada pela segurança de ter acesso a recursos que já conhece do carro movido a álcool ou gasolina, e também pela economia – e não necessariamente pela tecnologia do híbrido.

“O consumidor ainda não tem aquela percepção de testar a tecnologia que elétrico oferece. Ele está mais interessado na economia que o híbrido traz, porque consegue gastar menos combustível fóssil e ter o conforto e a segurança de ter a mecânica mais conhecida. E saber que vai conseguir abastecer, não se preocupar em achar pontos de abastecimentos”, diz o executivo da KBB Brasil.

Deu na Gazeta do Povo

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