A primeira-dama, Janja, é vista como um problema para o governo. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem publicada neste domingo, 18, a socióloga tem poder de veto no Palácio do Planalto.
Janja interfere em áreas como economia, segurança pública e publicidade. “Sem função formal, a primeira-dama se instalou num gabinete de 25 metros quadrados bem ao lado da sala do presidente, no terceiro andar, e dali em diante tem aumentado seu espaço no governo”, diz o texto.
Ainda no início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, Janja disse que gostaria de “ressignificar” o papel de primeira-dama. De lá para cá, a socióloga participa de reuniões de Lula com ministros e dá palpite sobre as áreas econômica, social e política.
E não para aí. Conforme a reportagem, Janja também faz ponderações sobre o relacionamento do Planalto com os militares e ainda afasta Lula de deputados e senadores.
“Janja determina mudanças, trocas e até vetos em campanhas importantes”, informa o Estadão. “Se não gostar, a propaganda não vai adiante.”
Como Janja interfere no governo?
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, estaria no topo da lista de insatisfeitos com a primeira-dama. Ele acredita que Janja prejudica a articulação política do governo, ao impedir que o presidente estabeleça contato com parlamentares.
Janja também teria causado desconforto ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em reunião que contou com a presença de outros ministros. Ela o acusou de não “proteger” Lula como deveria.
De acordo com o jornal, interlocutores de Lula relatam que Janja já deu respostas ríspidas a Múcio, em cenas descritas como “constrangedoras”. Recentemente, entretanto, a primeira-dama teria começado a se aproximar dele.
Funcionárias públicas a serviço de Janja
Em 8 de março, no Dia da Mulher, Janja publicou um vídeo para mostrar seu “gabinete” no Planalto. Três funcionárias aparecem nas imagens.
“Oi, galerinha”, disse a primeira-dama. “Segunda-feira, quase meio-dia e meia. Estamos aqui no meu gabinete… Já estamos em reunião, aqui, com a minha galera. A equipe toda.”
A Casal Civil informou que não existem atos administrativos para a criação do “Gabinete da Primeira-Dama”. Mas duas servidores específicas prestem atendimento exclusivo a Janja, com salários de R$ 12 mil e R$ 16 mil por mês, em abril.
Uma ex-sócia da primeira-dama foi contratada como assessora especial da Presidência, com salário de R$ 13,6 mil. “Margarida Cristina de Quadros deveria acompanhar Lula, mas viaja com Janja em agendas sem a presença do petista”, diz o Estadão.
Deu no Estadão