Com um mês de trabalho, as primeiras diligências da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara já começaram a revelar a farsa das invasões do MST e dos seus braços no campo, especialmente a Frente Nacional de Lutas (FNL), liderada por José Rainha Júnior — solto nesta segunda-feira, 12, pela polícia de São Paulo.
Parlamentares da comissão visitaram propriedades invadidas pelos movimentos no oeste paulista — Presidente Prudente, Rosana e Sandovalina. Os deputados filmaram as condições degradantes dos acampamentos, entrevistaram pessoas que confirmaram terem sido enganadas com promessa de terras e encontraram barracões para doutrinação ideológica. O material consta de um documento assinado pelo relator, Ricardo Salles (PL-SP), obtido por Oeste.
O relatório da visita, acompanhada pela Polícia Civil paulista, afirma que há um “modus operandi para invadir e estruturar” as terras em curto espaço de tempo, apesar das distâncias. São elementos claros que atestam o uso de pessoas em condições de extrema pobreza como massa de manobra política.
“Foi observada a condição degradante dos invasores em termos de direitos humanos, possivelmente em condição muito pior do que aquelas em que são encontrados trabalhadores em situação análoga à de escravidão”, diz o texto.
Muitos barracos estão desocupados, usados apenas como marcos. Também chamou atenção a presença de carros com placas de vários Estados, como Paraná e Mato Grosso do Sul — nenhum deles pertencia aos sem-terra que estavam no local. As terras ficam sempre próximas a rodovias. Tampouco foi identificado um líder.
Clima de medo na região
“Uma das invasoras declarou que veio sob a promessa de que iria receber um lote de terra na área e que já tinha sido desapropriada, o que não corresponde aos fatos apurados”, relata o documento.
Algumas imagens foram exibidas na sessão desta terça-feira, 13, da CPI, sob forte protesto da bancada governista, liderada por Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, e Sâmia Bonfim (Psol-SP), que abriga a ex-mulher de José Rainha como funcionária do seu gabinete.
As oitivas dos invasores e de proprietários também narram episódios de extorsão e “clima de medo na região”, com ameaças “inclusive a familiares que moram em outras cidades”. Num dos depoimentos, uma produtora de milho afirmou que o grupo de José Rainha exigia R$ 2 milhões. Há relatos de retenção de máquinas pelo “resgate”, que varia de R$ 25 mil a R$ 50 mil.
Em visita à Fazenda Santa Mônica, em Rosana, os deputados encontraram um depósito de máquinas transformado em centro de doutrinação comunista, com inscrições nas paredes, bandeiras e imagens de Che Guevara e Karl Marx.
“Especificamente nessa invasão, chamou atenção o fornecimento de energia elétrica e, além disso, em um barracão outrora destinado à guarda de máquinas e implementos agrícolas, no formato de um templo religioso, foi instalado um centro de doutrinação comunista, como se pode observar pelos cartazes e faixas nele dispostos”, diz o relatório.
Um detalhe chamou atenção: uma pequena lojinha que vende bandeiras e camisetas do movimento a R$ 25. Ao lado, foi montada uma lanchonete para atender os “alunos” das palestras e das reuniões sobre o comunismo.
Deu na Oeste