Major da polícia e cartola: conheça o responsável por denunciar manipulação no futebol

Hugo Jorge afirma que vê 'com bons olhos' a Operação Penalidade Máxima

 

O futebol brasileiro passa por um grave momento de denúncias de esquemas de manipulação de jogos, em que dezenas de jogadores profissionais aceitaram pagamentos para ajudar grupos criminosos de apostadores.

A cada dia, novas conversas aparecem, mais jogadores são citados, denunciados e afastados dos clubes.

A revelação desse enorme esquema, no entanto, só aconteceu graças a Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova, que também é major da Polícia Militar de Goiás, e que deparou com o esquema dentro do clube, recolheu provas e as enviou ao Ministério Público do seu estado, dando o pontapé inicial a uma longa investigação.

“Eu escutei um ruído dentro do clube, pessoas falando que o Romário estaria sendo ameaçado por ter se envolvido com apostas, que não teria dado certo, e eu fui procurar saber do que se tratava, e aí eu identifiquei quem era o apostador, e em contato com o apostador fomos coletando provas e com base nisso entregamos ao Ministério Público, que iniciou as investigações”, conta Hugo.

“Ia estar rolando até agora e só Deus sabe quando alguém iria dar o grito”, brinca o presidente, sobre o que aconteceria caso ele não denunciasse a ação dos apostadores.

As conversas do mandatário do Vila com Bruno Lopez, apontado como chefe da quadrilha, que está preso provisoriamente desde abril, estão anexadas ao processo da Operação Penalidade Máxima.

Conversa entre apostador (cinza) e presidente do Vila (em verde) foram incluídas como prova

Conversa entre apostador (cinza) e presidente do Vila (em verde) foram incluídas como prova

Nas mensagens, Bruno relata que Romário, na época jogador do Vila Nova, devia cerca de R$ 500 mil à quadrilha, pois ele não cumpriu o trato de cometer um pênalti durante uma partida da Série B do ano passado.

Ainda segundo os autos do processo, o atleta, que teve o contrato rescindido em novembro do ano passado, recebeu  um sinal de R$ 10 mil para cumprir o acordo e recebeu ajuda de outro jogador do Vila, Gabriel Domingos, que também deixou o clube.

“O Romário confirmou e eu dispensei; o Domingos no primeiro momento negou envolvimento e disse que estava de ‘gaiato’ na história. Posteriormente, com o desenrolar das investigações a gente obteve informações de que ele tinha ciência de tudo que estava acontecendo. Dessa forma, optamos pelo desligamento dele por justa causa aqui do clube”, explica Hugo, que revela ter recebido ligações do presidente de um grande clube do país, que suspeitava ter o mesmo caso no clube dele.

Durante seu período no clube goiano, Romário tentou aliciar pelo menos mais três jogadores — Willian Formiga, Van Basty e Jean Martin — que recusaram a investida de participar do esquema.

Na presidência do clube desde 2019, mas envolvido na política do clube há mais de uma década, Hugo pede punição para todos que participaram do esquema.

“A gente vê com bons olhos [a Operação], porque melhor agora do que se fosse daqui a três, quatro anos, porque uma hora iria explodir quando o futebol brasileiro estivesse completamente contaminado, porque vai aparecendo o dinheiro fácil, e aí cada vez há mais pessoas envolvidas e iria virar uma bola de neve.”

Membro da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas), grupo de elite da PM goiana, o major afirma que o clube terá tolerância zero com eventuais casos parecidos no clube goiano.

“O trabalho que o clube tem é para arrebentar com quem faz [a manipulação de jogos], e naturalmente já serve de lição, e com os jogadores de base damos as orientações”, completa.

Em campo, o Vila Nova vem fazendo um bom início na segunda divisão, e está na zona de acesso à série A, com 10 pontos em quatro jogos disputados.

“O que dá dor de cabeça são os problemas do clube, correr atrás de dinheiro, o restante disso, só estamos fazendo o bem”, conta Hugo, responsável pelo marco-zero da operação.

Deu no R7

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