Ataques no RN completam uma semana com queda no turismo, suspensão de aulas e coleta de lixo

 

Medo, queda no turismo, redução da movimentação no comércio, suspensão de aulas, coleta de lixo com escolta policial e ônibus incendiados. Os ataques a pelo menos 20 cidades do Rio Grande do Norte completam uma semana nesta terça-feira (21). O MP (Ministério Público) investiga se os atos foram articulados pelos líderes da facção Sindicato do Crime, que atua no estado.

Apesar da queda expressiva do número de ataques com o reforço da Força Nacional e de policiais do Ceará e da Paraíba, a população sofre com a paralisação total ou parcial dos serviços públicos, além de viver com medo e sem sair de casa. A Secretaria de Educação de Natal, por exemplo, suspendeu as aulas de 57 mil estudantes em 146 escolas da rede de ensino municipal.

Ao R7, alguns moradores e comerciantes contaram como a rotina se transformou desde a onda de ataques. Um fotojornalista, que prefere não ser identificado, relatou que, além dos ataques coordenados pela facção, outras pessoas ainda têm se aproveitado do caos para praticar crimes. Desde a última terça-feira (14), ele está na rua acompanhado as ações incendiárias e o trabalho das forças de segurança, em Parnamirim, na região metropolitana de Natal.

Para o jornalista, houve uma redução na onda de crimes nos últimos dias, porém muitos moradores ainda não estão saindo de casa pelo medo e pela falta de alguns serviços essenciais. As aulas nas escolas municipais e o funcionamento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) foram suspensas pela prefeitura, e a frota de ônibus reduzida pela metade.

Em Parnamirim, a coleta de lixo domiciliar também está sendo realizada de forma reduzida, apenas nas principais avenidas da cidade, e com a escolta de agentes da Guarda Civil Municipal para garantir a segurança dos funcionários. Por enquanto, não há previsão de normalização.

O município de Mossoró, no interior do estado, também tem sofrido com as consequências dos ataques. Dono de um restaurante, Diego Araújo contou que o faturamento caiu em 40% nos últimos sete dias. Há oito anos ele gerencia o estabelecimento que conta com música ao vivo de segunda a domingo no bairro Nova Betânia, área nobre da cidade.

“Não chegamos a fechar, pois sempre trabalhamos com segurança privada e policiais à paisana. Entretanto, a maioria dos clientes são mais velhos e estão com receio de sair de casa”, explica o empresário.

De acordo com o diretor da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Mossoró, Stênio Max, o turismo foi extremamente prejudicado em razão da situação de insegurança no estado. Há registro de mais de 100 cancelamentos em hotéis e agências de viagem, pois muitos ônibus se recusam a circular pelas estradas e vias.

Max ainda relembra que o setor está se recuperando dos prejuízos provocados pela pandemia e pelas restrições sanitárias, e agora tem que enfrentar uma nova crise interna. “O clima é de alerta [entre os comerciantes e hoteleiros]. Muitos eventos, inclusive corporativos, foram cancelados. Esperamos voltar a normalidade o mais rápido possível”, reitera.

O gerente de um hotel em Mossoró, que também prefere não ser identificado, conta que os turistas estão com medo de visitar a cidade em razão das notícias sobre a onda de crimes. “Na semana passada, dois grupos que tinham reservado 40 apartamentos cancelaram a estadia”, exemplifica.

Deu no R7

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