Meirelles critica possibilidade de Lula pedir remoção do presidente do Banco Central: “Contradição enorme”

Henrique Meirelles

 

Divulgada nesta semana, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) piorou a percepção fiscal do país. As declarações dúbias do presidente Lula (PT) a respeito do Banco Central (BC) e a falta de sinalização concreta sobre uma nova regra para substituir o teto de gastos têm elevado os riscos de aceleração da inflação no país, que pode manter os juros altos por mais tempo. Para detalhar este panorama, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Para o economista, não existe justificativa plausível para que o presidente da República peça a remoção de Roberto Campos Neto da presidência do BC: “O presidente da República está falando em exercer uma cláusula legal e solicitar ao Senado a retirada do presidente do Banco Central. Só que isso seria uma contradição enorme. Porque essa cláusula legal permite que se questione o mandato do presidente do Banco Central se ele não cumprir a meta de inflação, se a inflação estiver elevada. Isto é, não tiver subido os juros o suficiente”.

“Temos muitos problemas, então é justificável que a inflação no Brasil tenha ficado mais dois anos acima da meta. Mas o presidente iria argumentar que o presidente do Banco Central não subiu os juros o suficiente e que, portanto, a inflação está abaixo da meta. Em função disso, ele vai pedir a remoção do presidente do Banco Central quando, ao mesmo tempo, ele está atacando os juros altos. As duas coisas não batem. É uma argumentação muito frágil, para dizer o mínimo. É uma discussão política, à medida que será discutida com o Senado Federal”, argumentou.

Meirelles classificou a queda de braço entre Lula e o BC como uma “controvérsia desnecessária” e defendeu que a atuação do banco está correta: “O Banco Central simplesmente está fazendo o trabalho dele, normal, não está polemizando com o governo, não está respondendo o governo, não está discutindo com o governo. O Banco Central simplesmente está fazendo o trabalho dele e colocando a taxa de juros no local adequado e em um nível adequado exatamente para combater a inflação, que é a sua função, a sua missão legal. Nada mais do que isso”.

Deu na Jovem Pan

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