Em meio a um cenário caótico, uma cena comovente chamou a atenção do mundo um dia após um terremoto de magnitude 7,8 causar destruição na Turquia e na Síria. A cena foi registrada na cidade turca de Kahramanmaras, situada na região da Capadócia. Ela mostra Mesut Hancer segurando a mão de sua filha, Irmak, de apenas 15 anos, morta entre os escombros. Entre eles, um colchão onde a jovem estava deitada, provavelmente dormindo, na hora do desastre. O pai permaneceu ali, sentado nos escombros, segurando a mão da filha. O sentimento um dia após a tragédia é de tristeza e revolta devido à falta de ajuda. Até esta terça, 7, a cidade não havia recebido nenhuma ajuda ou mantimentos. Ela conta com cerca de 1 milhão de habitantes e foi epicentro do abalo sísmico que tirou a vida de milhares de pessoas. Mesmo cenário visto em Antioquia, próximo da Síria. O sentimento por lá é o mesmo: frustração e sensação de abandono. “Onde está o Estado? Onde estão? Olhe ao seu redor. Não tem um único funcionário, pelo amor de Deus. Já se passaram dois dias e não vimos ninguém. Não trouxeram nem um único tijolo. As crianças morreram congeladas”, desabafa Ali Sagiroglu. O número de mortes já ultrapassou a marca de 7 mil.
Nas ruas, sobreviventes permanecem ao lado dos corpos, enrolados em mantas, na esperança de que alguém apareça para buscá-lo. Cuma Yildiz não esconde a decepção. “Onde eles estão? Falam, falam, brigam feito cães, mas onde estão agora?”, questiona. Um outro morador, que não se identificou, relatou que ainda era possível ouvir pessoas pedindo ajuda entre as ruínas. “Ontem de manhã você ainda podia ouvir as vozes pedindo ajuda nos escombros, mas elas se calaram. As pessoas, provavelmente, morreram congeladas”, disse um homem. Uma nevasca atingiu a cidade no dia da catástrofe. O ministro do Interior, Suleyman Soylu, visitou Kahramanmaras e informou que 2 mil socorristas foram enviados para as áreas afetadas. Sobrevivente de Antioquia, Onur Kayai, de 40 anos, tentou tirar sua mãe e seu irmão dos escombros do prédio onde viviam. “Já movi três pedras sobre a cabeça do meu irmão, mas é muito difícil. A voz da minha mãe ainda é clara, mas não ouço mais a do meu irmão”, lamenta. A professora Semire Coban foi atrás de duas equipes de resgate para pedir ajuda a três parentes enterrados. “Preferem se concentrar nos lugares onde ainda se ouvem vozes entre as ruínas”, relatou à AFP.
Informações da AFP