Depressão e fim de ano: festividades como Natal e Ano Novo aumentam casos de ideação suicida

Dezembro é marcado pelo final de um ciclo e as expectativas em relação ao ano que se inicia. É também uma época de muitas festividades, quando se cria todo um clima de esperança e afeto devido ao chamado “espírito de Natal” com expectativas de renovação para o ano que se inicia.

Contudo, para muitas pessoas essa época pode trazer sentimentos contrários a toda essa atmosfera, com mais riscos para complicação de quadros emocionais, como depressão. Para se ter uma ideia, historicamente o CVV (Centro de Valorização da Vida) tem um aumento de 20% de ligações em seu canal nessa época do ano.

De acordo com Luciene Bandeira, psicóloga e diretora de saúde mental da Conexa, maior player de saúde da América Latina, os motivos relacionados ao sofrimento nesse período do ano estão, em sua maioria, atrelados às lembranças de entes queridos já falecidos e a reavivar sentimentos sobre relacionamentos sociais ou familiares conflituosos. “Não há uma ‘receita de bolo’ para detectar seguramente uma ideação suicida, mas um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos, como desesperança; preocupação com a própria morte; discurso que reflita intenção de morrer ou desaparecer; isolamento social e alterações bruscas de humor. Redobrar a atenção à saúde mental nesse período, principalmente para aqueles que já apresentam algum quadro de transtorno psicológico ou que começaram a apresentar alterações no comportamento, é primordial”, explica.

Outro fator de alerta é a solidão que enfrentam os idosos cujos filhos e família são distantes ou ausentes (física ou emocionalmente), ou em especial, para aqueles que já perderam entes queridos ou estão enfermos. “Para estes idosos, o final do ano pode ser uma época focada em nostalgia e melancolia, e até mesmo de desesperança. Uma rede de ajuda e colaboração, entre amigos e vizinhos, por exemplo, pode diminuir o sofrimento pela ausência das famílias”, completa Luciene.

 

Cuidar da saúde mental não deve ter data e hora para acontecer

Dados divulgados em julho do ano passado pelo DataSUS apontam que o número de casos de suicídio no Brasil subiu de 7 mil para 14 mil nos últimos 20 anos, resultando em mais de um suicídio por hora, sem contar casos não notificados, número que ultrapassa a quantidade de vítimas fatais em acidentes de moto.

O acompanhamento psicológico pode auxiliar na compreensão da origem dos sentimentos e pensamentos, ajudando a ressignificar ideias autodestrutivas, crenças, sentimentos e mudar padrões de comportamento. “O acompanhamento profissional é essencial para quem pensa na possibilidade de tirar a própria vida. É preciso ter em mente que esse é um apoio isento de julgamento ou pressão social para se encaixar em padrões impostos. O psicólogo faz a escuta ativa, sem críticas e orienta para soluções e caminhos alternativos que levem a pessoa para uma melhor versão de sua vida e de si mesmo”, conta Luciene.

A psicóloga ainda ressalta que a atenção com a saúde mental envolve o autocuidado como um todo, já que a saúde física está intimamente ligada à mental. “É preciso cuidar da alimentação e hidratação, da qualidade do sono, realizar atividades físicas regularmente, administrar o estresse do dia a dia e cuidar de pensamentos e emoções. Se houver algo de errado, não hesite em procurar a ajuda de um profissional da saúde e, em casos emergenciais, o CVV mantém um canal direto pelo telefone 188, que funciona para todo Brasil”.

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