Reportagem da revista “Veja” divulgada nesta sexta-feira (29) relata que o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) empregou servidoras fantasmas em seu gabinete por 5 anos em um esquema de rachadinha.
A rachadinha é uma prática irregular. Ocorre, por exemplo, quando um parlamentar contrata uma pessoa para trabalhar em seu gabinete e , em troca, diz que vai recolher parte do salário que, oficialmente, o servidor ganharia. Na prática, a maior parte do salário fica com o parlamentar.
Alcolumbre é atualmente o presidente da Comissão da Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a mais poderosa da Casa. De fevereiro de 2019 a fevereiro de 2021, ele foi presidente do Senado.
Nos últimos meses, ele tem aparecido no noticiário de política por estar se recusando a marcar na CCJ a sabatina de André Mendonça, indicado do presidente Jair Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal (STF). A sabatina na CCJ é etapa indispensável para a confirmação da indicação. Mas Alcolumbre quer desgastar o nome de Mendonça, o que colocou o senador como um dos principais rivais do bolsonarismo no momento.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem, Alcolumbre negou denúncias de rachadinha e disse que a prática de confiscar salário de servidores é “repudiável”.
“Sou surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e até mesmo o repudiável confisco de salários. Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem”, respondeu o senador Alcolumbre.
Rachadinha
A “Veja” ouviu seis mulheres que dizem ter participado de um esquema de rachadina no gabinete de Alcolumbre. Elas relatam que receberam a proposta de trabalhar com o parlamentar, mas que deveriam ceder grande parte do salário. Fazia parte do acordo também que elas não dissessem que trabalhavam no Senado.
São mulheres humildes, de regiões periféricas do Distrito Federal. À revista, elas contaram que aceitaram a proposta, porque precisaram do dinheiro, mas que agora se arrependeram. Elas nem precisavam ir ao Senado. À revista, elas admitiram que nunca trabalharam de fato.
De acordo com a “Veja”, o esquema começou em janeiro de 2016 e foi até março de 2021. As mulheres que fazem a denúncia não trabalham mais com o senador. A “Veja” afirma que Alcolumbre desviou com as rachadinhas pelo menos R$ 2 milhões.
Uma das ex-servidoras disse que o próprio Alcolumbre falou que ela não tinha qualificação para a vaga, já que não tinha curso superior, mas que ele a contrataria para ajudá-la.
Outra relata que é funcionária de uma fazenda, no entorno do Distrito Federal, e que, enquanto trabalhava com o senador, recebia também o Bolsa-Família.
Como funcionava
As ex-servidoras contaram que a equipe do senador abria uma conta no banco para elas receberem o salário e que o cartão da conta e a senha ficava com os auxiliares do senador. Segundo a revista, extratos bancários mostram que, no dia em que o salário caía na conta, era rapidamente sacado.
Com informações da Veja