No primeiro discurso como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou as instituições brasileiras de trabalharem pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Sem mencionar os órgãos que estariam a serviço do atual chefe do Executivo, o petista afirmou que o objetivo desse conluio seria evitar a sua volta ao Palácio do Planalto.
“Não enfrentamos um adversário, um candidato”, afirmou Lula, ao lado de apoiadores. “Enfrentamos a máquina do Estado brasileiro, colocada a serviço do candidato da situação para tentar evitar que ganhássemos as eleições. Quero dar os parabéns às pessoas que votaram em mim. Considero-me um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira, porque tentaram me enterrar vivo. E estou aqui.”
Lula mencionou os feitos petistas em governos anteriores e ressaltou que o Estado assumirá um papel determinante no desenvolvimento do país. “A roda da economia voltará a girar, com a geração de empregos, a valorização dos salários e a renegociação das dívidas das famílias, que perderam seu poder de compra”, salientou. “Os pobres farão parte do Orçamento.”
O presidente eleito também endossou as pautas da esquerda identitária. “É preciso ir além, fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres e garantir que ganhem os mesmos salários que os homens no exercício da mesma função”, disse. “Enfrentar sem trégua o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.”
Lula reafirmou a intenção de fortalecer os laços com países da América Latina e do Caribe. “Em minhas viagens internacionais, o que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil”, observou. “Do Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, por meio da cooperação, do investimento e da transferência de tecnologia. Que trabalhou pela integração da América Latina, da América do Sul e do Caribe. Que fortaleceu o Mercosul e ajudou a criar o G20, a Unasul e os BRICS.”
O petista disse ainda que pretende rever acordos internacionais e retomar a “reindustrialização do país”. “Queremos um comércio internacional mais justo, retomar nossas parcerias com os Estados Unidos e com a União Europeia — mas em novas bases”, considerou. “Não nos interessa acordos comerciais que condenem nosso país a eterno papel de exportador de commodities e de matéria-prima. Vamos reindustrializar o Brasil, investir na economia verde digital, apoiar a criatividade dos nossos empresários, dos empreendedores.”
Deu na Oeste