Pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, esbarraram em possíveis novas explicações para a calvície. Geralmente, uma hipótese aceita para a queda de cabelo é a de que as células-troncos se cansam de reabastecer os fios e então morrem. Esse processo é considerado uma parte integral do envelhecimento.
Porém, o professor de patologia Rui Yi e seus colegas de estudo descobriram que as células-troncos não morrem, e sim fogem das estruturas em que ficam posicionadas. Ao menos é o que acontece nos camundongos acompanhados pela equipe de pesquisadores.
Os folículos capilares são pequenos órgãos em formato cilíndrico dos quais crescem os cabelos. Esses órgãos passam por períodos cíclicos de crescimento, em que as células-tronco vivendo na região chamada “bulge” se dividem e logo se transformam em células capilares em crescimento. É através dessas células que surgem a haste capilar e sua bainha. Após certo tempo, o haste capilar para de crescer e cai, sendo substituída por um novo fio de cabelo e continuando o ciclo.
Novo método de acompanhamento capilar
A abordagem normalmente feita por pesquisadores do envelhecimento é analisar as mudanças de pedaços de tecido de diferentes idades de animais. Segundo Yi, esse método não é vantajoso porque o tecido já está morto e não é possível entender o que causou certas mudanças e o que poderia acontecer no futuro. Foi ao decidir observar o processo de envelhecimento fio a fio que Yi chegou à nova hipótese.
Ele e sua equipe observaram o crescimento dos folículos capilares nas orelhas dos camundongos através de um laser de comprimento de onda que consegue penetrar no tecido. Assim, foi feito um acompanhamento rotineiro das mudanças de cada folículo de modo microscópico.
Eventualmente, os cientistas perceberam que, ao envelhecer, os animais começaram a ficar grisalhos e perder pelo, enquanto suas células-tronco escaparam de suas “casas” na região do bulge. As células mudaram de redondas para um formato de ameba, se espremeram para fora dos folículos, recuperaram suas formas e fugiram para longe.
“Se eu não tivesse visto, eu não teria acreditado. É quase uma loucura na minha cabeça”, disse Rui Yi. Algumas das células-tronco que escapavam saltavam distâncias significativas, em termos celulares. Por fim, elas desapareceram, provavelmente consumidas pelo sistema imunológico.
O papel dos genes
Em seguida, a equipe de Yi questionou a participação dos genes no processo de fuga das células-tronco. Eles descobriram que dois genes — FOXC1 e NFATC1 — estavam com menor atividade em células de folículos mais envelhecidos. O papel dos dois é prendê-las no bulge. Os pesquisadores acompanharam, então, camundongos sem esses dois genes.
Ao chegarem na idade de quatro a cinco meses, os camundongos sem os genes começaram a perder pelo. Com 16 meses, período de meia-idade, pareciam mais velhos, pois estavam sem muitos pelos e os restantes estavam grisalhos. O próximo passo dos cientistas é tentar salvar as células-tronco do cabelo em camundongos envelhecidos.