A redução, por parte dos Estados Unidos, das tarifas de importação de cerca de 200 produtos alimentícios não deve impactar significativamente as exportações do Rio Grande do Norte, cujos produtos mais afetados pelo tarifaço não foram incluídos na redução anunciada na última sexta-feira (14). A avaliação é feita por entidades do setor produtivo potiguar.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a modificação de tarifas agrícolas impostas a produtos brasileiros, reduzindo 10% das taxas recíprocas, mas mantendo a sobretaxa adicional de 40%.
A carne bovina de alta qualidade e o café estão entre as novas isenções tarifárias. Castanhas-do-pará, caju, coco, laranja, tomate, banana e outras frutas tropicais também estão excluídas da tarifa de 10%.
Para Roberto Serquiz, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), apenas dois produtos potiguares estão contemplados na nova decisão do governo americano: a castanha-de-caju e a manga. “[Esses itens] já integram a pauta de exportações para os Estados Unidos e registraram queda no desempenho”, diz.
“Enquanto isso, os produtos mais afetados pelo tarifaço — como pescados (atum), produtos de confeitaria, pedras para construção e sal — permanecem sujeitos à tarifa de 40%”, frisa. “Dessa forma, observa-se que o recente benefício tem efeito limitado sobre a pauta exportadora do Rio Grande do Norte”, ressalta.
O presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), Fábio Queiroga, conta que o tarifaço já havia forçado o setor a procurar outros mercados. As taxas recíprocas haviam sido impostas por Trump em abril e entraram em vigor em agosto deste ano, enquanto a sobretaxa começou em julho. Para Queiroga, a redução anunciada nesta semana não deve causar impactos à fruticultura potiguar.
“Essa redução de 10% não causa nenhum impacto positivo de magnitude, que traga uma animosidade para que voltemos a pensar nesse mercado como um mercado promissor, embora tenhamos a necessidade de voltar a exportar, em especial a manga”, afirma. Os Estados Unidos consomem muito essa fruta, segundo Queiroga.
Já a Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern) disse por meio de nota que “entende que a decisão dos EUA de excluir determinados produtos agrícolas brasileiros da tarifa adicional é positiva, mas seus efeitos para o Rio Grande do Norte devem ser analisados com cautela”.
Segundo a Federação, o maior impacto da medida deve ser na fruticultura, não trazendo benefícios imediatos em itens que não estão na pauta exportadora do estado. “Ainda assim, a medida contribui para melhorar o ambiente de negócios e pode abrir oportunidades futuras, caso haja investimentos e ampliação da base produtiva, em cadeias nas quais o RN tem produção, mas não é protagonista e possui pouca inserção exportadora”, completa.
Deu na Tribuna do Norte




