Banco Central não pode brigar com os dados, diz Galípolo após Haddad defender cortes na taxa de juros

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou nesta quarta-feira (12) a necessidade de manter a taxa Selic em nível restritivo, apesar da declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que haveria “espaço para cortes”.

Galípolo disse que o BC não pode ignorar os dados econômicos:

“Todos podem criticar o Banco Central. O BC é que não pode brigar com os dados”, afirmou.

Ele lembrou que a meta de inflação é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual, mas o IPCA acumula alta de 4,68% nos últimos 12 meses, acima do alvo.

“Em 11 meses, não ficamos dentro da meta nenhuma vez. Há projeções de que passarei grande parte do mandato fora dela”, disse.

Segundo o presidente do BC, a Selic a 15% ao ano é necessária para trazer a inflação à meta:

“Está claro por que a taxa está num patamar restritivo e por que precisa continuar assim”, afirmou.

Questionado sobre a política fiscal do governo Lula, Galípolo evitou críticas diretas:

“Nosso foco é a inflação e como a política fiscal a afeta.”

Ele também destacou que, mesmo com juros altos, a economia brasileira mostra resiliência: o crédito cresce em ritmo menor, mas o desemprego segue no menor nível da série histórica, com 5,6% no trimestre até setembro, segundo o IBGE.

O BC estuda por que, apesar dos juros elevados, o impacto sobre o crédito e o consumo é limitado.

“Em outros países, uma taxa real desse nível provocaria retração maior na economia”, concluiu Galípolo.

Com informações de Folha de S. Paulo

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