UFRN cria contador automático de compressas e gazes para aumentar segurança em cirurgias

Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Um grupo de pesquisadores da UFRN desenvolveu um dispositivo que pode transformar a segurança em centros cirúrgicosum contador automático de gazes ou compressas. A tecnologia desenvolvida foi projetada para complementar, como dupla checagem, a contagem manual desses materiais durante procedimentos médicos, reduzindo falhas humanas e aumentando a proteção ao paciente.

O equipamento funciona por meio de um sistema com sensores, câmaras, circuito eletrônico e displays, permitindo o monitoramento em tempo real da quantidade de gazes ou compressas utilizadas, limpas e descartadas durante uma cirurgia. A patente, nomeada “Contador automático de gaze ou compressa cirúrgica”, tem como principal proposta da invenção proporcionar um controle rápido e padronizado durante o processo cirúrgico, uma exigência defendida pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde.

Atualmente, a contagem de gazes utilizadas durante uma cirurgia é feita manualmente, de maneira humana, o que, em casos extremos, pode resultar no esquecimento de gazes dentro do paciente. A literatura científica demonstra a gravidade do problema. Um estudo realizado em 2006, de Birolini, Rasslan e Utiyama, encontrou 4.547 relatos de corpos estranhos esquecidos em cavidades após cirurgias. Mais de 90% desses casos envolviam compressas e gazes. Outro caso emblemático, pesquisado por Carvalho e Vinhaes, registrou um paciente que permaneceu por 11 anos com uma compressa esquecida na cavidade abdominal.

O uso cotidiano da tecnologia é visualizado na rotina de praticamente todos os procedimentos cirúrgicos, facilita o trabalho da equipe, reduz riscos para pacientes e garante o controle por meio da padronização, com o alinhamento às normas de segurança em saúde. Se em uma cirurgia são previstas 50 compressas, e na metade do tempo já foram usadas 40, o instrumentador ou responsável consegue visualizar no dispositivo e acionar um membro da equipe para que sejam solicitadas mais compressas, evitando atrasos ou riscos de falta de material, explica Menezes, pesquisadora responsável pelo desenvolvimento eletrônico do projeto. A tecnologia é aplicada a outras formas estratégicas, por meio de relatórios automáticos de contagem, atuando no controle da farmácia hospitalar, otimizando a gestão de materiais, fortalecendo a segurança e a eficiência financeira da instituição.

Atualmente, o projeto está na fase inicial. O protótipo físico está na fase de teste do circuito eletrônico e programação, realizadas em emuladores, softwares que reproduzem funções de outros sistemas para otimizar o desenvolvimento. Buscamos estratégias alternativas para viabilizar o projeto de maneira segura e eficaz, coloca o professor do Departamento de Engenharia Biomédica, Danilo Nagem.

O projeto possui capacidade de contribuir em diversas áreas, no momento do procedimento cirúrgico, com relatórios que podem contribuir para a contagem na farmácia do hospital e para o controle. Além disso, o registro de patentes contribui para a divulgação científica, fomenta novas pesquisas e colaborações, e aproxima a academia do mercado, mostrando como os resultados podem ser aplicados de forma prática e segura, comenta Lavínia Menezes.

A UFRN mantém uma vitrine tecnológica com todos os pedidos de patentes e as concessões já realizadas, bem como com os programas de computador que receberam registro do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A vitrine é formada por mais de 900 ativos e está disponível para acesso e consulta no site da Agir. Dentro da Universidade, a Agência de Inovação (Agir) é a unidade responsável pela proteção e pela gestão dos ativos de propriedade intelectual, como patentes e programas de computador.

Para que uma invenção seja patenteada, ela deve atender aos seguintes critérios estabelecidos pelo INPI e pela Lei de Propriedade Industrial. Novidade, ou seja, deve ser algo inédito, que não existia antes. Atividade inventiva, o que significa não ser uma combinação óbvia de elementos já conhecidos, devendo apresentar um grau de criatividade. E, por fim, ter aplicação industrial, impondo que a invenção precisa ter a possibilidade de ser utilizada ou produzida em qualquer tipo de indústria. O INPI é responsável pela análise dos critérios e consequente concessão do pedido, um lapso de tempo que dura, em média, cinco anos.

A tecnologia surge no contexto acadêmico como parte do trabalho de conclusão de curso da graduada Lavínia Samuele Araújo Menezes, do curso de Engenharia Biomédica, do Departamento de Engenharia Biomédica. O trabalho foi desenvolvido em parceria com outros dois pesquisadores, Danilo Alves Pinto Nagem, contribuindo para a construção do design do produto, e Giovanna Karinny Pereira Cruz de Andrade, com conhecimento técnico prático em enfermagem, que garante que o dispositivo atenda às necessidades clínicas.

Deu no Portal da UFRN

Deixe um comentário

Rolar para cima