Como o metanol foi parar na bebida? Polícia investiga duas hipóteses

Foto: Reprodução

Polícia de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre as bebidas “batizadas” com metanol, que causaram diversas internações e mortes no estado. Uma delas é que o metanol teria sido usado para a higienização de garrafas reaproveitadas que acabaram não indo para a reciclagem, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Outra hipótese é o uso do metanol para aumentar na produção o volume de bebidas falsificadas. Uma possibilidade é que a intenção do falsificador fosse adicionar etanol puro, sem saber que o produto estava contaminando com metanol.

A perícia feita pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado.

Segundo dados do governo, o estado de São Paulo tem 15 casos confirmados (incluindo 2 mortes) e 164 em investigação (incluindo 6 mortes).

A morte da mulher de 30 anos em São Bernardo é a terceira no estado, mas não foi incluída ainda no último balanço porque foi informada depois da divulgação.

À noite, o Ministério da Saúde divulgou um outro balanço nacional em que o estado de São Paulo concentra a maior parte dos registros, com 15 casos confirmados e 164 sob análise, o que representa 82,5% do total.

O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.

“Existem regras de logística reversa que, infelizmente, não estão sendo cumpridas. Um grande insumo para o falsificador é a garrafa que foi consumida e que deveria ir para a reciclagem, o que não está acontecendo. Ela é comprada no mercado clandestino e facilita esse objeto de falsificação”, diz Tarcísio de Freitas.

Em entrevista à imprensa na segunda, o governador disse que vai solicitar à Justiça a destruição de garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos apreendidos durante as ações de fiscalização.

Só na última semana, mais de 7 mil garrafas suspeitas de falsificação ou adulteração foram recolhidas.

Tarcísio e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afastaram qualquer participação do PCC ou de outras facções criminosas, argumentando que o negócio é pouco lucrativo em comparação com o tráfico de drogas.

Quais bebidas estão sendo ‘batizadas’ com metanol?

Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gin.

No entanto, especialistas reforçam que, neste momento, nenhuma bebida pode ser considerada totalmente segura. O risco maior, porém, está nos destilados, especialmente os incolores.

A cerveja, vinho e chope apresentam menor vulnerabilidade à adulteração com metanol, principalmente pela forma de produção e envase. A cerveja em lata é apontada como a opção de menor risco, já que o recipiente é mais difícil de ser adulterado.

Como identificar metanol na bebida?

Não é possível identificar a presença do metanol apenas olhando, cheirando ou provando a bebida. Ele não altera cor, odor ou sabor, e só pode ser detectado por testes laboratoriais. Por isso, especialistas o chamam de “substância traiçoeira”.

Autoridades recomendam que consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas (como lacres tortos ou rótulos mal impressos), desconfiem de preços muito baixos e sempre exijam nota fiscal.

A Abrasel, entidade que representa bares e restaurantes, orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar que falsificadores as reutilizem.

  • Autoridades orientam a população a:
  • Desconfiar de preços muito baixos;
  • Comprar apenas em locais conhecidos;
  • Verificar se as garrafas têm lacre e selo fiscal.

Em caso de sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida para ajudar na investigação.

Deu no G1

Deixe um comentário

Rolar para cima