Pesquisadores da UFRN criam catalisador de casca de tangerina para biodiesel

Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ), desenvolveram e patentearam um catalisador heterogêneo produzido a partir da casca de tangerina para a produção de biodiesel de forma sustentável, com baixo custo e alto rendimento. A tecnologia foi protegida por patente após depósito realizado em 2020, com concessão registrada na última terça-feira (30).

O grupo de pesquisadores, composto por Luciene da Silva Santos, José Alberto Batista da Silva, Keverson Gomes de Oliveira e Ramoni Renan Silva de Lima, denominou a invenção como “Processo de Obtenção de Biodiesel Através do Uso de Catalisador Proveniente da Casca in Natura da Tangerina Ponkan”. O mecanismo utiliza a casca da tangerina submetida à carbonização em temperaturas entre 500 °C e 1000 °C, que através de processos químicos é transformada em catalisador, para produção de biodiesel a partir de óleo vegetal, com destaque para o óleo de soja.

A coordenadora do grupo, Luciene Santos, explica que o processo se caracteriza pela redução de custos na produção de biodiesel, aproveitamento de resíduos agroindustriais, promoção da sustentabilidade e possibilidade de reutilização do catalisador em diferentes ciclos de reação. O método apresenta menor geração de resíduos comparado a catalisadores tradicionais, com potencial de reutilização que torna o processo mais eficiente.

“Com os protótipos em escala laboratorial, testados em reações de produção de biodiesel com alto rendimento, o desenvolvimento está na fase de validação experimental e testes de escalabilidade em nível piloto”, diz Luciene Santos.

Pesquisadores discutem resultados em laboratório – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

A pesquisa encontra-se atualmente em fase de investigação de melhorias, com ampliação do estudo para diferentes tipos de óleo vegetal, visando o aperfeiçoamento da eficiência e aplicabilidade industrial do material patenteado. Os protótipos em escala laboratorial foram testados em reações de produção de biodiesel com alto rendimento, estando o desenvolvimento na fase de validação experimental e testes de escalabilidade em nível piloto.

Segundo José Alberto Silva, entre os diferenciais da tecnologia estão a utilização de fonte precursora de baixo custo por se tratar de resíduo vegetal, metodologia de aplicação simplificada, tempo de produção relativamente curto comparado a outras metodologias patenteadas, etapa de formação do catalisador em processo único e reduzido consumo de energia em relação aos processos tradicionais de produção.

Keverson de Oliveira acrescenta que os estudos demonstraram bom rendimento do catalisador na conversão de óleo vegetal em biodiesel, com possibilidade de reutilização parcial em novas reações. A tecnologia pode ser aplicada em reações envolvendo diferentes matrizes oleaginosas, incluindo castanhas como caju e Pará, nozes, amêndoas, avelãs, pistaches e amendoins, além de sementes como girassol e linhaça.

A concessão de patente confere aos pesquisadores direitos de exploração exclusiva da invenção por período determinado, incluindo produção, uso, comercialização e importação do produto ou processo patenteado. No Brasil, o prazo de vigência para patentes de invenção é de 20 anos, contados a partir da data de depósito do pedido.

Com informações da AGIR/UFRN

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