O feriado desta sexta-feira (3), comemorado apenas no Rio Grande do Norte, possui um significado que entrelaça a fé e a história do povo potiguar. Neste dia, comemora-se a festa litúrgica dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu.
Os santos católicos foram vítimas de dois assassinatos em massa cometidos em 1645, durante as invasões holandesas no Brasil. Por serem católicos, pagaram com a própria vida o preço da fé devido à intolerância dos invasores calvinistas.
O papa Francisco, então líder da Igreja Católica, canonizou os 30 mártires de Cunhaú e Uruaçu em outubro de 2017 no Vaticano. A celebração da canonização, realizada em 15 de outubro de 2017 na Praça São Pedro, reuniu cerca de 50 mil fiéis e contou com a participação de 450 concelebrantes.
Massacre de Cunhaú
O primeiro massacre aconteceu no dia 16 de julho, durante a celebração a Santa Missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, no atual município de Canguaretama (RN).
De acordo com os relatos históricos, após o padre André de Soveral realizar elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor para a adoração dos presentes, Jacob Rabbi, um alemão a serviço da Companhia das Índias Ocidentais Holandesas, trancou as portas da capela e, com uma tropa de índios Tapuias e soldados, ordenou a matança de todos os fiéis.
Massacre de Uruaçu
O segundo massacre aconteceu três meses depois, no dia 3 de outubro, em Uruaçu, hoje parte do município de São Gonçalo do Amarante (RN).
Com as notícias sobre o ocorrido em Cunhaú, alguns católicos buscaram refúgio na Fortaleza dos Reis Magos e numa fortificação construída no pequeno povoado de Potengi, que ficava próximo da Fortaleza, mas foram atacados pelas tropas de Rabbi.
Eles resistiram, mas acabaram se rendendo e foram massacrados às margens do rio Uruaçu. Entre os mortos estavam o padre Ambrósio Francisco Ferro e o camponês Mateus Moreira. De acordo com os relatos históricos, os invasores holandeses ofereceram aos fiéis católicos a opção de conversão ao calvinismo, mas eles escolheram o martírio.
Foram dezenas de mortos nos dois episódios, mas apenas 30 foram canonizados, sendo 28 leigos e dois sacerdotes, isso porque devido a violência com que foram mortos, muitos não puderam ser identificados.