Pobreza cai na Argentina e atinge 31,6% no primeiro semestre deste ano

Foto: Mariana Nedelcu/Reuters

Em um dado positivo para a Casa Rosada, a pobreza na Argentina atingiu 31,6% no primeiro semestre de 2025, uma queda de mais de 20 pontos em relação ao mesmo período de 2024, durante o período mais intenso do programa de ajuste de Javier Milei,

Os dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos) apontam que há cerca de 15 milhões de pessoas em situação de pobreza e 3,4 milhões em extrema pobreza em todo o país.

Este é o primeiro dado do ano e atualiza o valor de 38,1% registrado no semestre anterior. A série histórica também mostra que a pobreza era de 52,9% no primeiro semestre do ano passado, período influenciado pela forte desvalorização do peso argentino no início do mandato do presidente.

No primeiro semestre de 2023, ainda durante o governo de Alberto Fernández, esse percentual era de 40,1%

O percentual de lares na pobreza é de 24,1% no primeiro semestre, ante 42,5% no mesmo período de 2024 e mais próximo dos 29,6% do primeiro semestre de 2023.

O número de crianças de 0 a 14 anos que estavam em situação de pobreza no primeiro semestre de 2025 era de 45,4% (era de 51,9% no primeiro semestre do ano passado), o que significa que, atualmente, existem quase 5 milhões de crianças pobres no território argentino.

O conglomerado urbano com maior percentual de pobreza foi Concórdia (Entre Ríos), com incidência de 49,2%, seguido por Resistência (no Chaco, com 48,1%) e Posadas (em Misiones, com 38,1%).

Em termos absolutos, a aglomeração com maior número de pobres foram os distritos da Grande Buenos Aires, com 4,626 milhões.

Para calcular a pobreza, o Indec leva em conta a renda de cada família. Para a pobreza extrema, a referência é a capacidade de adquirir uma cesta básica de alimentos, enquanto que a pobreza considera bens e serviços não alimentares.

Os dados mais recentes disponíveis são de agosto e indicam que, para não ser considerado pobre, uma pessoa deveria ter uma renda mensal de pelo menos 375.657 pesos argentinos (cerca de R$ 1.500).

Javier Milei, que está em viagem nos Estados Unidos, ainda não comentou os números do Indec.

No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2022 para 2023, a proporção de pessoas consideradas pobres no país diminuiu de 31,6% para 27,4%. Já a proporção de pessoas consideradas extremamente pobres no Brasil recuou de 5,9% em 2022 para 4,4% em 2023.

Mas as pesquisas dos dois países têm parâmetros diferentes. Na do IBGE, a linha de pobreza considerada é de US$ 6,85 por dia em PPC (paridade de poder de compra) ou R$ 665 por mês; a de extrema pobreza é de US$ 2,15 por dia em PPC ou R$ 209 por mês.
Para tentar criar uma base de comparação entre Brasil e Argentina, o pesquisador Marcelo Neri, diretor do FGV Social, construiu uma série histórica comparando a pobreza nos dois países de 2011 a 2022. Segundo ele, em 2022, a Argentina tinha 10,9% de pobres, enquanto o Brasil tinha 23,5%.

Para fazer a comparação entre os vizinhos, o pesquisador considerou a linha de pobreza equivalente a uma renda mensal abaixo de R$ 666 por pessoa.

Deu na Folha de S.Paulo

Deixe um comentário

Rolar para cima