PF diz que ‘Careca do INSS’ ameaçou ex-funcionário para não delatar esquema e preparava fuga aos EUA

Foto: Wilton Junior/Estadão

A investigação da Polícia Federal sobre um esquema de desvios no Instituto Nacional de Seguro Social apontou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, ameaçou de morte um ex-funcionário para que não delatasse o esquema e preparava uma fuga aos Estados Unidos.

Por causa disso, a PF solicitou e o ministro do STF André Mendonça decretou a prisão preventiva do Careca do INSS, em operação cumprida nesta sexta-feira, 12. Também foi preso o empresário Maurício Camisotti, suspeito de dirigir associações envolvidas nos descontos indevidos e realizar operações de lavagem de dinheiro com Antônio Camilo. O advogado Nelson Willians foi alvo de busca e apreensão.

Esse ex-funcionário do Careca do INSS procurou a Superintendência da PF em São Paulo para relatar as ameaças. De acordo com o termo de seu depoimento, ele disse que “Antônio Camilo, logo após a operação da Polícia Federal, começou a dilapidar seu patrimônio para se capitalizar, e que ele falou que precisava levantar dinheiro, fechar as torneiras, dispensar os empregados e que iria para os Estados Unidos”.

A testemunha disse ainda que ele realizava operações de lavagem de dinheiro com carros de luxo e fazia viagens de carro para Brasília transportando dinheiro em espécie.

Com base nessas informações, a PF justificou ao ministro André Mendonça o pedido de prisão. “A possibilidade de evasão do estado para o exterior é latente frente os elementos de informação apresentados: compra de imóvel no EUA e narrativa apresentada pela testemunha coagida”, escreveu.

Vazamento de operação

A Polícia Federal também apontou suspeitas do vazamento da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano.

O Careca do INSS, por exemplo, realizou uma viagem ao exterior cinco dias antes da operação, enquanto Maurício Camisotti dormiu fora de sua casa no dia anterior.

A investigação ainda detectou que um alvo ligado ao escritório de Nelson Willians atuou, em conjunto com Antônio Camilo, para esconder veículos de luxo com o objetivo de não serem apreendidos –um deles, uma Ferrari, foi apreendido na operação desta sexta-feira.

Segundo a PF, os três veículos foram escondidos no estacionamento de um shopping de Brasília às vésperas da operação. Eles pertencem formalmente a uma empresa de Fernando Cavalcanti, que tinha a função de vice-presidente do escritório de advocacia de Nelson Willians.

Esse foi um dos motivos que colocou o advogado Nelson Willlians na mira da operação. “Neste contexto, em que pese os veículos estarem formalmente vinculados a Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, os elementos de informação até então angariados indicam que se tratava de bens pertencentes ao advogado Nelson Williams”, afirmou a PF.

Deu no Estadão

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