Marsiglia apontou oito erros jurídicos do texto do STF.

– A nota diz que foi preciso um STF independente, para evitar ameaças à democracia, como os atos do dia 8 e a alegada tentativa de golpe. Errado: Ao chamar os atos de “ameaças à democracia” prejulga casos ainda sob análise da Corte e mostra justamente sua falta de independência – iniciou.

No segundo ponto, o jurista citou uma pesquisa que indica desconfiança de 50% das pessoas em relação ao Supremo.

– 2) diz não haver crise de confiança em relação ao STF. Errado: O instituto Opinião mostra que cerca de 50% das pessoas não confiam no STF. No Sul, o índice beira 60%. 3) diz que as decisões monocráticas são ratificadas pelo colegiado.
Errado: Boa parte das decisões é tomada em inquéritos, e a jurisprudência do STF veda os poucos recursos existentes, como HC, em caso de decisões monocráticas de ministro do STF em inquéritos. 4) diz que o X foi suspenso por falta de representante legal, não por postagens. Errado: Não explica que a falta de representante ocorreu porque o ministro Moraes ameaçou prendê-lo, se não cumprisse ordens censórias de exclusão de conteúdo – escreveu ainda Marsiglia.

Ele prosseguiu, rebatendo uma negativa de Barroso e também apresentou outros pontos:

– 5) diz que nunca foi dito “nós derrotamos o bolsonarismo”, quem disse isso foram os eleitores.
Errado:A frase dele, gravada, em 12/7/23, em um evento da UNE, foi exatamente a seguinte: “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”. 6) diz que a regra de procedimento penal é julgamento nas turmas, não no plenário. Errado: Essa regra, advinda de regimento interno do STF, já mudou outras vezes. Não haveria nada de excepcional se ela fosse relativizada para o julgamento do “golpe”.

Por fim, o jurista defende que “não cabe a um tribunal debater com a imprensa por meio de nota oficial”.

– 7) diz que quase todos os ministros já foram ofendidos por Bolsonaro e, por isso; não haveria como os afastar do julgamento do golpe. Errado: Os pedidos de afastamento dizem respeito a um juiz ser vítima de uma suposta trama contra sua vida (Moraes) e a os outros terem se manifestado publicamente contra Bolsonaro (Dino) ou terem participado de processos judiciais contra ele (Dino e Zanin). São casos específicos e com afastamento previsto em lei. 8)diz que a narrativa da revista é a “mesma dos que tentaram golpe”. Errado: se uma Nota Oficial do STF reconhece ter havido tentativa de golpe, parece que o julgamento, ainda em curso, já foi feito sem sabermos. Estamos diante de um teatro. O STF precisa se explicar imediatamente. Além disso, não cabe a um tribunal debater com a imprensa por meio de nota.

Deu na Gazeta do Povo