A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será instalada nesta terça-feira (4) no Senado Federal com o ambiente político marcado pela repercussão da operação realizada pelo governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) nos Complexos da Penha e Alemão.
O avanço da pauta da segurança pública sobre a agenda nacional é considerada como um ponto sensível para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O colegiado foi criado em junho, mas não havia começado os trabalhos até agora.
Com a repercussão da operação que terminou com 121 no Rio de Janeiro e a pressão da opinião pública, governo e oposição decidiram escalar senadores de peso para a comissão, que mirará o “modus operandi” de facções como PCC e CV e a atuação de milícias.
Disputa por comando e alerta no governo
Ainda não há acordo para definir o senador que presidirá a CPI — decisão que será tomada na sessão de instalação. O relator será o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que propôs a criação do colegiado.
A articulação para tentar influenciar o resultado e a indefinição sobre quem será o presidente da CPI pode abrir espaço para um movimento silencioso da oposição, que já conseguiu surpreender o governo ao conquistar o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.
O governo gostaria que o comando da CPI ficasse a cargo de Fabiano Contarato (PT-ES) ou de Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.
Por que o tema ganhou peso?
- A operação no Rio, o debate sobre GLO e a narrativa bolsonarista focada em “lei e ordem” reacenderam a disputa pública sobre segurança.
 - A oposição vê no tema uma ponte com eleitores de centro e pretende usar a CPI para reforçar a imagem de enfrentamento ao crime.
 - O governo tenta impedir que a agenda seja capturada politicamente e busca dar resposta institucional, com envio do PL Antifacção e articulação com governadores.
 
Equilíbrio político
A CPI terá 11 titulares e 11 suplentes. Entre os nomes indicados, há quadros experientes e figuras centrais na disputa entre governo e oposição como:
Oposição
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
 - Sergio Moro (União-PR)
 - Marcos do Val (Podemos-ES)
 - Magno Malta (PL-ES)
 
Governo e aliados
- Jaques Wagner (PT-BA)
 - Otto Alencar (PSD-BA)
 - Rogério Carvalho (PT-SE)
 - Fabiano Contarato (PT-ES) – suplente
 - Randolfe Rodrigues (AP) – suplente
 
O que a CPI vai investigar?
A CPI deve funcionar por 120 dias e pretende apurar:
- estrutura e expansão de facções como PCC e CV e de milícias;
 - fontes de financiamento e lavagem de dinheiro;
 - domínio territorial e prisional;
 - conexões regionais e transnacionais;
 - atuação e possível infiltração no poder público;
 - apontar mudanças legislativas.
 
Fonte: g1




