“Apodrecer na cama”: passar longos períodos deitado usando o celular pode ser prejudicial, alerta psicóloga

Foto: Freepik

Em meio à rotina acelerada e ao estresse do dia a dia, tirar um tempo para descansar na cama pode parecer um alívio necessário. De fato, reservar momentos sem obrigações pode fazer bem ao corpo e à mente. O problema começa quando esse hábito se transforma em uma rotina constante, interferindo nas atividades cotidianas, no convívio social e no desempenho no trabalho ou nos estudos.

Segundo a psicóloga Bárbara Conway, coordenadora do Núcleo de Psicologia do Sono da Academia Brasileira do Sono (ABS), pequenas pausas de autocuidado são fundamentais para o equilíbrio físico e emocional — mas precisam ser vividas de forma consciente.

“Pausas curtas de autocuidado são essenciais para uma vida saudável, mas são de fato benéficas quando são experiências mais conscientes e afastadas das telas. Ficar em silêncio por alguns minutos prestando atenção na respiração, contemplar uma paisagem, escutar uma música, expor-se à luz natural ou realizar uma caminhada são exemplos de atividades mais interessantes para revigorar-se do que apodrecer na cama”, explica Conway.

O chamado “bed rotting” — expressão popularizada nas redes sociais que significa “apodrecer na cama” — pode trazer consequências negativas quando ocupa grande parte do dia. O excesso de tempo deitado, especialmente com o uso prolongado de telas, está associado a dores musculares, alterações no sono e impacto no metabolismo. No campo psicológico, pode reforçar sentimentos de apatia, desmotivação e isolamento.

“É importante acender o alerta quando há falta de interesse em outras atividades que antes eram prazerosas para ficar deitado na cama. Nesses casos, é frequente que o bed rotting venha acompanhado de queixas de cansaço constante, baixa energia, tristeza, alterações no sono e no apetite”, acrescenta a psicóloga.

Não existe uma quantidade de horas exata que defina quando o descanso se torna prejudicial. Deitar-se por alguns minutos para relaxar é saudável, especialmente se não houver outras distrações envolvidas. No entanto, passar horas na cama, seja navegando no celular ou procrastinando tarefas, pode indicar um desequilíbrio.

A orientação da especialista é observar a frequência e os efeitos desse comportamento. Se o repouso traz sensação de alívio e renovação, pode ser considerado uma prática de autocuidado. Mas se provoca culpa, isolamento ou dificuldade de retomar as atividades, é importante buscar ajuda profissional.

“Por vezes, o melhor descanso para se sentir revigorado não é deitar. Pode ser fazer uma refeição com atenção, levantar-se para alongar, uma boa conversa, sair para caminhar no bairro ou apenas desconectar-se das telas. Tudo isso também é descanso”, conclui Conway.

Para ela, a chave está em transformar o descanso em um ato de consciência e equilíbrio — não em fuga ou procrastinação. Pequenos momentos de pausa, quando bem utilizados, ajudam o cérebro a se reorganizar e tornam a rotina mais leve e produtiva.

Com informações de CNN

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