Queda de 86% no preço do lítio adia investimentos no Brasil

Foto: Gil Leonardi/Agência Minas

O lítio, mineral essencial para a eletrificação da economia e conhecido como “ouro branco”, teve uma queda de 86,5% no preço desde o fim de 2022. O valor do quilo do carbonato de lítio caiu de US$ 68 em dezembro de 2022 para US$ 9,26 no último mês, mesmo após a China suspender a produção em grandes minas, ameaçando a oferta global. A desvalorização tem adiado projetos de expansão no Brasil.

Especialistas apontam que a desaceleração do mercado de carros elétricos e a sobreoferta global são os principais fatores do recuo. Durante a pandemia, os preços haviam disparado devido à escassez do material e aos incentivos chineses à venda de veículos elétricos.

Entre 2021 e 2024, a Austrália aumentou sua produção em quase 100% e o Chile em 75%, enquanto o Brasil também expandiu operações, gerando excesso de oferta. Em quatro meses, de dezembro de 2022 a abril de 2023, o preço do carbonato de lítio caiu 63%, retornando a níveis pré-pandêmicos.

No Brasil, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) adiou a expansão de sua capacidade de mineração de 50 mil para 110 mil toneladas e de refino de 2 mil para 6 mil toneladas por ano. “Estamos com tudo pronto, mas aguardando maior clareza no preço”, afirma Vinicius Alvarenga, CEO da empresa. A previsão é que os preços só se recuperem em 2027.

A Sigma Lithium, com operações em Minas Gerais, estocou parte da produção no segundo trimestre e planeja expandir caso os preços se estabilizem ao redor de US$ 10 o quilo. Já a AMG Brasil, subsidiária holandesa, ampliou sua capacidade em 44% e mantém planos de verticalizar parte do refino, com conclusão prevista para 2029, adiando quatro anos em relação ao cronograma original.

Deu no Estadão

Deixe um comentário

Rolar para cima