Casos de infarto em jovens acendem alerta para prevenção e hábitos saudáveis

Três mortes recentes por infarto em pessoas jovens voltaram a acender o alerta sobre a saúde do coração no Rio Grande do Norte. Uma mulher, de 21 anos; Wilson Carvalho, cinegrafista de 38; e Jarlene Márika, psicóloga e palestrante também de 38, tiveram a vida interrompida de forma precoce por complicações cardíacas.

O caso chamou atenção do Hospital Rio Grande, que fez um post nas redes sociais destacando o registros de infarto entre adultos com menos de 40 anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2022 e 2024, o Brasil contabilizou aproximadamente 234 mil atendimentos por infarto em pessoas abaixo dos 40 anos, com 7,8 mil mortes nesse grupo etário.

O alerta é claro: o infarto não é uma doença exclusiva da terceira idade. Mudanças no estilo de vida, estresse constante e descuido com hábitos básicos de saúde podem antecipar o surgimento das doenças cardiovasculares.

De acordo com o médico cardiologista Gustavo Torres, o estilo de vida moderno está entre os principais fatores de risco. “A gente tem um ritmo de vida muito mais intenso, e muitas vezes a qualidade de vida é pior. A gente se alimenta mal, faz pouca atividade, tem uso, às vezes, de substâncias estimulantes, energéticos, sem orientação adequada. O hábito do tabagismo cada vez mais também tem voltado”, destaca.

O médico explica que, embora exista predisposição genética, parte dos riscos pode ser controlada com mudanças de comportamento. “A gente pode mudar a maneira de se alimentar, adotar a prática regular de atividade física, qualidade de sono também é essencial, menos estresse dentro do possível, não fumar, beber o mínimo possível. Tudo isso nos leva a diminuir nosso risco de problemas”, diz.

Torres também reforça que não há relação comprovada entre infartos e a vacina contra a covid-19, ponto que tem circulado em redes sociais. “Não existe nenhuma evidência científica que comprove essa associação. Nenhuma sociedade médica reconhece isso. É apenas opinião sem base”, afirma.

Doenças silenciosas

O médico cardiologista Filipe Rêgo acrescenta que o perigo das doenças cardiovasculares está justamente no silêncio com que se desenvolvem. “Colesterol alto, pressão alta e diabetes não dão sintomas. A pessoa vai acumulando fatores de risco sem perceber e, quando o problema se manifesta, às vezes é com um evento grave, como um infarto ou uma morte súbita”, explica.

Rêgo ressalta que, apesar da maior divulgação desses casos, o número de jovens com doenças cardíacas não necessariamente explodiu, mas o tema ganhou mais visibilidade nas redes sociais. “Minha impressão nesse momento, em virtude do advento de rede social, de WhatsApp, de Instagram, Facebook, essas coisas, a gente tem mais notícia”, diz o médico.

E reforça o alerta: “Esse é um tema para olharmos mais do ponto de vista das pessoas se cuidarem, olharem para o ganho de peso, para a alimentação, praticarem exercício físico e muito menos no sentido das pessoas ficarem apavorados, de que ‘está morrendo todos os jovens’”.

Deu na Tribuna do Norte

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