Delator, Cid planeja “objetividade” para escapar da pressão de outros réus

Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Primeiro a ser interrogado nesta segunda-feira (9) no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o plano de golpe, o tenente-coronel Mauro Cid planeja ser objetivo ao responder as questões para tentar escapar da pressão das defesas dos demais réus, segundo apurou a CNN.

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou o acordo de colaboração premiada e tem sido acusado por advogados de outros envolvidos de ter mentido em seus depoimentos à Polícia Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.

Mauro Cid terminará a sua preparação na manhã dessa segunda-feira, repassando os pontos principais do planejamento com seus advogados antes de ir para o STF. O depoimento está marcado para começar às 14h.

Na Corte, o militar deverá, mais uma vez, reforçar sua delação. Agora, diante do ex-presidente Bolsonaro e outros citados por ele.

Nos últimos dias, Mauro Cid tem se dedicado a estudar detalhes da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e os depoimentos das 52 testemunhas do processo, que ele acompanhou em tempo real.

A expectativa é de que advogados dos outros réus pressionem Cid para apontar inconsistências na delação.

A defesa do militar tem argumentado que Cid apenas cumpria seu “dever legal” e não tinha poder de decisão nos fatos denunciados pela PGR sobre o plano de golpe.

Cid integra o chamado “núcleo crucial” da trama golpista. Como delator, será o primeiro a ser ouvido. Depois, os demais serão interrogados em ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-chefe da Abin); Almir Garnier (ex-comandante da Marinha); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional); Jair Bolsonaro (ex-presidente); Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa); e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, e vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022).

Ao todo, a Primeira Turma do STF reservou sessões até sexta-feira (13). Os interrogatórios serão presenciais. Apenas o general Walter Braga Netto será ouvido por videoconferência. Ele está preso desde dezembro na 1⁰ Divisão de Exército do Comando Militar do Leste, na cidade do Rio de Janeiro.

O acordo
A colaboração premiada de Mauro Cid foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de setembro de 2023. Ao firmar o acordo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixou a prisão. Ele estava preso desde 3 maio do mesmo ano, depois de ser alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos nos cartões de vacina do ex-presidente.

O tenente-coronel, por duas vezes, esteve ameaçado de perder os benefícios da delação. Em março de 2024, Mauro Cid ficou sob risco de perder a delação premiada após áudios vazados em que ele critica Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF).

Após prestar depoimento a Moraes no dia 22 daquele mês, para explicar o vazamento dos áudios publicados pela revista “Veja”, o militar foi preso novamente. Ele passou mal e chegou a desmaiar na audiência.

Mauro Cid foi solto em 3 de maio do ano passado por decisão do ministro Moraes, que manteve integralmente o acordo de delação premiada.

Na decisão, o ministro citou que o ex-ajudante de ordens reafirmou a “voluntariedade a legalidade do acordo” e ressaltou que os áudios divulgados pela revista Veja “se tratavam de mero ‘desabafo’”.

Em novembro de 2024, o ex-ajudante de ordens teve de prestar novos esclarecimentos ao magistrado após a Polícia Federal apontar contradição em suas declarações.

O acordo foi mantido após Mauro Cid dar detalhes da participação do general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro na disputa pela Presidência em 2022.

O ex-ministro da Casa Civil e da Defesa acabou sendo preso em dezembro. Desde então, está em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro.

Deu na CNN Brasil

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