Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Críticas ao governo Lula e à política econômica conduzida pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) marcaram o debate dos candidatos à presidência do PT nesta segunda-feira (2). À exceção do ex-prefeito Edinho Silva, apoiado pelo chefe do Executivo, seus oponentes defenderam mudanças na gestão petista, criticando ainda a política cambial.
Além de Edinho, três candidatos participaram do encontro na sede do PT, em Brasília. Ex-presidente do PT, o deputado federal Rui Falcão atribuiu seu voto contrário ao pacote de Haddad à convicção de “que petista não vota em perda de direito da classe trabalhadora”.
“Esse pacote é um dos fatores que têm contribuído para que o presidente não tenha recuperado toda popularidade”, disse Falcão, afirmando ser inaceitável continuar “a conviver com a taxa de juros maior do que aquele que era chamado de política de lesa-pátria, que era Roberto Campos Neto”.
Concorrendo pela chapa “A Esperança é Vermelha”, Valter Pomar falou de “mais e melhores políticas públicas que só vão existir se a gente derrotar a banca, o Hugo Motta e a maioria de direita do Congresso, uma parte do Ministério da Fazenda e o Banco Central”.
Também criticou o ministro da Defesa, José Mucio, afirmando que é necessário “um ministro da Defesa capaz de olhar para acampamentos em frente aos quartéis e ver golpistas e não, como ele disse, amigos, familiares e democratas”.
Candidato da chapa “Somos Todos PT em Movimento”, o secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira, citou distanciamento do presidente de suas bases, afirmando ter ouvido reclamações sobre a dificuldade de aproximação ao palanque de Lula. Segundo ele, o governo está muito fechado nos grandes centros do país. Disse ainda que os ministros não viajam e um grupo se mantém no Palácio do Planalto, ao redor do presidente.
“O presidente precisa falar mais com o povo”, disse Romênio, para quem a ampliação de arco de alianças não significa abrir mão de valores e desrespeito à militância.
Ele disse ainda que os petistas devem apoiar o governo Lula, mas ter coragem de discordar e corrigir rumos.
Já Edinho falou em ascensão do fascismo nos EUA, na Europa e no Brasil. Lembrando o declínio de partidos históricos da esquerda, ele defendeu o fortalecimento do PT para enfrentar futuros desafios, incluindo a ausência de Lula nas urnas a partir de 2026.
Edinho exaltou programas implementados após o governo Jair Bolsonaro e disse que este é o momento histórico para a construção “de um partido que terá que ser forte, que terá de estar forte, mesmo quando o presidente Lula não disputar mais eleições”.
Ele lembrou que a eleição de 2026 efetivamente será a última eleição que o presidente Lula estará nas urnas, “representando o nosso projeto e representando a nossa construção partidária”.
“Claro que o presidente Lula vai continuar influenciando nos rumos do PT, mas ele não estará na relação direta de disputa de projeto com a nossa sociedade. E quero reproduzir aqui uma frase do presidente Lula, que para mim ela é histórica e emblemática: ‘o sucessor do presidente Lula não será um nome. O sucessor do presidente Lula será o PT.’”
Sob ingerência de Lula, a CNB (Construindo um Novo Brasil) sacramentou no mês passado o apoio à candidatura de Edinho para o comando do PT, dando fim a uma disputa na maior força do partido.
A votação será no dia 6 de julho. Com a unificação, a perspectiva é que Edinho obtenha a vitória em primeiro turno. Seus três adversários são de correntes minoritárias.
Segundo participantes da articulação, o entendimento incluiu a promessa de que a Secretaria de Finanças –hoje ocupada por Gleide Andrade– permanecerá sob a gestão do mesmo campo político. Nesse caso, não estaria descartada a reeleição da própria Gleide. Lula não faz objeção ao nome dela, segundo relato de petistas.
Embora Edinho tenha evitado a controvérsia, em seu plano de gestão, a CNB afirma que a taxa Selic é “injustificável”. Ainda segundo o Painel, o documento, cujo título é “Derrotar a Extrema-Direita e Avançar na Construção de um Novo Brasil”, defende “boas parcerias público-privadas” para gerar investimentos e modernizar o país.
Deu no BG