Rappi vai oferecer taxa zero a restaurantes para concorrer com 99Food e iFood

FOTO: ILUSTRAÇÃO

Em busca de avançar no mercado de delivery brasileiro o aplicativo Rappi começa hoje uma ofensiva para atrair pequenos e médios restaurantes a sua plataforma com a retirada das taxas de participação.

O programa taxa zero terá duração de três anos e vai isentar os empresários do pagamento de taxas do aplicativo, com exceção do pagamento para usar a maquininha.

A ação ocorre poucas semanas depois de a 99Food anunciar taxa zero por dois anos, no retorno do aplicativo de delivery chinês ao Brasil, abrindo guerra de preços no país em um mercado dominado pelo iFood.

Segundo Felipe Criniti, CEO do Rappi no Brasil, a empresa colombiana investirá R$ 1,4 bilhão nestes três anos na tentativa de trazer para o aplicativo pequenos e médios negócios e ampliar sua atuação no mercado brasileiro, tornando as operações ainda mais similares às da Colômbia.

Na Colômbia, onde foi fundado, o Rappi domina o mercado com entregas rápidas, no chamado Rappi Turbo, mas tem força especialmente no serviço de delivery de comida, sendo o principal aplicativo parceiro de restaurantes em cidades como a capital Bogotá, Medellín e Barranquilla, entre outras.

Hoje, há 30 mil restaurantes ativos na plataforma no Brasil e a meta é atingir 100 mil, segundo Criniti. A expectativa é chegar em aos menos 300 cidades ante os 50 municípios onde há atendimento da plataforma hoje.

Criniti diz que essa postura aponta o rumo da empresa no Brasil, que considera o mercado muito importante. E mostra a resiliência do negócio, mesmo diante das dificuldades no pós-pandemia de Covid-19. “A Rappi continuou resiliente, por isso é importante entender que estamos com a Abrasel [associação de restaurante que será parceira], e nosso plano de taxa zero é por três anos”, afirma.

“Muito se falou onde a Rappi ia estar no Brasil no futuro. Falou-se muito de turbo, que é realmente a nossa vertical que tem a melhor experiência e é diferente de qualquer outra coisa. Mas qual era o compromisso do Rappi com o Brasil? Em três anos, é investir R$ 1,4 bilhão”, diz ele.

Os cadastros para a entrada de novos restaurantes foram abertos nesta segunda-feira (5) e os contratos virão com a isenção da taxa.

No caso dos que já atuam na plataforma, Criniti diz que será feita a migração dos contratos de forma gradual, para que todos tenham acesso ao novo benefício.

Outra estratégia da empresa é tentar chegar aos restaurantes que têm entrega própria e que atendem seus clientes por meio do WhatsApp e pedidos por telefone.

“O uso de WhatsApp e telefone ainda é muito grande. WhatsApp detém 130 milhões/mês, e telefone é 90 milhões/mês. E a gente está mirando muito para trazer esses usuários.”

DIFERENÇAS ENTRE O BRASIL E A COLÔMBIA

As diferenças de operação entra o Rappi na Colômbia e no Brasil são grandes. Lá, a parceria com restaurantes e a criação de dark stores próprias ainda em 2015, quando o Rappi foi fundado, é o segredo do sucesso das entregas rápidas -os colombianos recebem seus pedidos entre nove e 11 minutos, sendo que 95% chegam em até 15 minutos.

A empresa enfrenta regulação em sete dos noves países da América Latina onde opera -Colômbia, Brasil, México, Argentina, Peru, Equador e Uruguai-, mas quer legalizar a situação o quanto antes para crescer mais. No Chile, lei já foi aprovada, e na Costa Rica não há projeto.

A expansão inclui a abertura de uma IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de Nova Iorque e novas operações na América Central.

“A ideia é que, como empresa, em 12 meses estaremos prontos para sair com todos os processos de auditoria. Não sabemos se o mercado estará pronto em um ano, então pode demorar mais. Temos paciência, não temos pressa porque já somos rentáveis”, afirmou Simón Borrero, CEO e cofundador do Rappi, em entrevista à Folha de S.Paulo na Colômbia, em setembro de 2024.

O retorno da 99Food ao Brasil, serviço de delivery de refeições da chinesa 99, está trazendo uma guera de preços, segundo especialistas. A rede anunciou, no final de março, nova estratégia para ganhar mercado, com a redução de taxas sobre os restaurantes.

O aplicativo promete passar dois anos sem cobrar mensalidade nem comissão dos estabelecimentos que se cadastrarem na plataforma.

O mercado também aguarda posicionamentos da gigante chinesa do delivery Meituan, que estaria interessada em ingressar no país derrubando preços para ganhar participação de mercado.

Deu no O Tempo

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