Anunciado em 2009 como o maior polo de vacinas da América Latina, o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), da Fiocruz, em Santa Cruz (RJ), ainda é um terreno com 46 fundações inacabadas e ocupado por bois e vacas. A obra já consumiu R$ 1,2 bilhão em recursos públicos e está paralisada há anos, sem previsão de conclusão. A estimativa atual da Fiocruz é que seriam necessários mais R$ 5,4 bilhões e quase quatro anos para concluir e colocar a fábrica em operação — o que só deve ocorrer a partir de 2028.
Entre os gastos, estão R$ 813 milhões em equipamentos industriais comprados em 2014 e armazenados desde 2018 num galpão alugado na Baixada Fluminense. A garantia desses equipamentos venceu, e o custo do aluguel do galpão já ultrapassou R$ 14 milhões.
Relatórios do TCU apontam erros na condução do projeto, inclusive a compra antecipada dos equipamentos antes da conclusão do projeto executivo. Três servidores da Bio-Manguinhos foram multados em R$ 50 mil cada.
O projeto, renomeado em 2020 e relançado durante a pandemia, tentou ser viabilizado via parceria com a iniciativa privada, no modelo “built to suit”, mas o consórcio contratado não conseguiu captar os recursos. A nova proposta é usar R$ 1,2 bilhão do PAC para atrair investidores. O modelo ainda está em análise no TCU.
Segundo o presidente da Fiocruz, a fundação discute com o Ministério da Saúde e a Casa Civil se o projeto seguirá em parceria ou será incorporado ao orçamento da União. Enquanto isso, o terreno segue sem utilidade, e o Brasil continua dependente de poucos centros para produção de vacinas.
Fonte: O Globo