Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
Em entrevista concedida ao Oeste Sem Filtro nesta terça-feira, 18, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) discutiram o atual momento político brasileiro, a situação judicial da oposição ao governo e as dificuldades enfrentadas pelos aliados do ex-presidente.
O tom da entrevista foi crítico às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro ainda denunciou a perseguição judicial contra opositores e declarou que a atual gestão federal mina a democracia.
A atuação de Moraes no inquérito do 8 de janeiro
Para Bolsonaro, a única forma de restabelecer a normalidade no Brasil é com apoio externo. “No momento, não temos como buscar paz, tranquilidade e democracia internamente, é impossível”, disse. “Precisamos de ajuda de fora.”
Bolsonaro também afirmou que existe uma perseguição judicial contra ele, seus aliados e apoiadores. Ele mencionou a situação dos presos do 8 de janeiro e classificou as condenações como desproporcionais.
“Mulheres, com filhos pequenos, dormem e acordam sem ver seus filhos, condenadas por uma coisa que nunca passou pela cabeça delas”, lamentou o ex-presidente. As mães presas do 8 de janeiro foram tema de reportagem de Cristyan Costa na Edição 254 da Revista Oeste.
Bolsonaro também mencionou o inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe, ao ironizar as acusações e criticar a falta de acesso aos autos pela defesa. “Se tenho tanta culpa assim, por que não seguir o devido processo legal?”, indagou, ao alegar que as provas são ocultas e que não há transparência nas investigações.
Bolsonaro disse ser alvo de uma estratégia para inviabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2026, ao mencionar as condenações que o tornaram inelegível e os processos judiciais em curso.
Segundo o ex-presidente, sua inelegibilidade foi baseada em motivos frágeis, como reuniões com embaixadores e discursos durante eventos públicos. “Dá para ser derrubada [a inelegibilidade], porque se muda a composição de tribunais”, declarou.
Pela anistia
Outro tema abordado foi o ato realizado em Copacabana pela anistia aos presos do 8 de janeiro. Bolsonaro rebateu as estimativas da grande mídia sobre o número de participantes e afirmou que apenas seus aliados conseguem mobilizar grandes multidões. “Quem consegue botar gente na rua hoje em dia?”, indagou. “É só nós!”
Ele aproveitou para convocar seus apoiadores para novos protestos e pressionar o Congresso a aprovar um projeto de anistia. “Hoje em dia, temos a maioria para aprovarmos o requerimento de urgência”, afirmou.
Eduardo também comentou sobre a anistia, ao comparar a situação dos presos com a anistia concedida a ex-guerrilheiros durante o regime militar. “Fica muito bizarra a comparação, se você comparar com a anistia que foi dada lá em 1979 a pessoas que notoriamente se envolveram em sequestros”, recordou.
Eduardo Bolsonaro nos EUA
A permanência de Eduardo nos EUA também foi um dos temas da entrevista, onde anunciou que não pretende retornar ao Brasil por causa da falta de segurança jurídica. “Não tem a mínima possibilidade de voltar ao Brasil”, afirmou, pois o país “já não é mais um local seguro para você fazer oposição.”
O deputado explicou que sua permanência nos EUA foi motivada por preocupações com sua liberdade e segurança. Ele destacou que, mesmo com o arquivamento do pedido de apreensão de seu passaporte por Moraes, a situação não lhe dá confiança para retornar ao país. “A solução vai vir aqui dos Estados Unidos pra resgatar as nossas liberdades no Brasil”, declarou.
Eduardo também revelou que tem contatos com autoridades e parlamentares norte-americanos para denunciar o que chama de perseguição política no Brasil. Entre os nomes citados, está o deputado Matt Gaetz, ligado a Trump, e o projeto “No Censors on Our Shores Act“, que promove sanções contra Moraes e outras autoridades acusadas de promoverem censura.
O deputado mencionou ainda que tem planos de participar de audiências no Congresso norte-americano para expor a situação política brasileira. Segundo ele, o governo Biden não se mostrou interessado no tema, mas há uma movimentação entre congressistas republicanos para abordar o caso.
Bolsonaro recordou também seu relacionamento com o presidente dos EUA, Donald Trump, e destacou que, apesar de não ter feito pedidos diretos, há um laço de respeito e amizade entre ambos.
Por fim, o ex-presidente também criticou acordos entre o governo Lula e a China, que, segundo ele, comprometeriam a soberania nacional. “Lesa-pátria são os 37 acordos assinados com a China no final do ano passado”, acusou, ao citar a exploração de urânio pelo país asiático no Amazonas.
Deu na Revista Oeste