Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
As intervenções no mercado de câmbio realizadas pelo Banco Central (BC) em dezembro contribuíram para que o montante de reservas internacionais caísse US$ 33,3 bilhões em um mês e chegasse a US$ 329,7 bilhões no último dia de 2024. No fim de novembro, o nível de reservas estava em US$ 363 bilhões. Apesar da queda, o volume ainda é considerado confortável por especialistas.
O patamar atingido no fim do ano passado é inferior ao nível de reservas registrado no fim de 2023, de US$ 355 bilhões, mas superior aos US$ 324,7 bilhões de 2022. Os valores são nominais. O economista sênior e sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, aponta que a queda no mês de dezembro foi “bastante expressiva” e que as reservas continuaram em um nível saudável. O economista destaca, no entanto, que essa queda rápida do nível acende um alerta para os próximos meses.
Em dezembro, o BC realizou nove leilões de dólar à vista e cinco de linha (com compromisso de recompra) que totalizaram US$ 32,574 bilhões. Foram US$ 21,574 bilhões à vista e US$ 11 bilhões nos leilões de linha colocados no mercado. Ao olhar para o volume de reservas, Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, também ressalta que há bastante conforto. Para o economista, pode haver preocupação se acontecer uma escalada, em 2025, da crise vista em dezembro. “Não acho que é o que tem no cenário. É um cenário em que o Banco Central reagiu muito bem, foi um momento evidente de estresse.”
Procurado, o BC informou que não há um consenso sobre a melhor métrica para definir o “nível ótimo” das reservas, mas apontou que avaliações internas períodicas “indicam que o Brasil está alinhado à prática de outros países semelhantes”.
Em entrevista coletiva no dia 19 de dezembro, o então presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária estava atuando no câmbio da mesma forma de sempre. Ele explicou que o BC atua quando entende que há disfuncionalidade no mercado. Além disso, pontuou que houve um fluxo atípico grande no fim de 2024, com a saída acima da média de dividendos como um dos fatores.
Deu no Valor Econômico