Solidão pode aumentar risco de doenças cardíacas e derrame, aponta estudo

Foto: Damir Samatkulov/Unsplash

Um novo estudo aponta que manter vínculos sociais e interações frequentes com amigos e familiares não beneficia apenas o bem-estar mental, mas também pode ser essencial para a saúde do sistema cardiovascular e imunológico. A pesquisa, publicada na revista Nature Human Behavior, revelou que a solidão está associada a condições de saúde mais frágeis e a um risco elevado de morte precoce.

Conduzido por cientistas do Reino Unido e da China, o estudo analisou amostras de sangue de mais de 42 mil adultos, com idades entre 40 e 69 anos, obtidas no UK Biobank, uma ampla base de dados de saúde. A equipe buscou identificar proteínas cuja presença em níveis mais altos estivesse correlacionada com a solidão e o isolamento social. Enquanto o isolamento social foi definido como a ausência de interações regulares e atividades sociais, a solidão foi medida pela percepção subjetiva de se sentir sozinho.

Os pesquisadores calcularam índices para avaliar o impacto de ambos os fatores nos participantes e ajustaram os resultados com base em variáveis como idade, gênero e condições socioeconômicas. No total, foram encontradas 175 proteínas relacionadas ao isolamento social e 26 associadas à solidão. Muitas dessas moléculas estão ligadas a respostas inflamatórias, infecções virais e doenças como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, derrames e até câncer.

Utilizando uma técnica estatística chamada randomização mendeliana, os cientistas conseguiram identificar relações causais entre o aumento de certas proteínas e o impacto da solidão. Uma proteína em destaque foi a ADM, que tem funções importantes na resposta ao estresse e na regulação de hormônios sociais, como a ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”. Níveis elevados de ADM foram associados a alterações em áreas específicas do cérebro, como o volume reduzido do caudado esquerdo, região vinculada às emoções e interações sociais. Além disso, a ADM foi associada a um risco mais alto de morte precoce.

Outra proteína, a ASGR1, mostrou ligação com o aumento do colesterol e maior probabilidade de doenças cardíacas. Outras moléculas identificadas têm participação no desenvolvimento da resistência à insulina, formação de placas de gordura nas artérias e progressão do câncer.

“Embora já soubéssemos que a solidão e o isolamento social têm impacto negativo na saúde, não entendíamos os mecanismos por trás disso. Nosso estudo revelou proteínas que desempenham um papel fundamental nessa relação, com níveis elevados de algumas surgindo como consequência direta da solidão”, explicou Chun Shen, pesquisador da Universidade de Cambridge e da Universidade Fudan, em nota à imprensa.

Deu no Conexão Política

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