O boicote dos produtores brasileiros ao Carrefour já está causando impacto na empresa francesa em todo o Brasil, exceto em Natal, por enquanto. A principal loja da rede, inaugurada em 1999 como o primeiro hipermercado da cidade, estava este fim de semana com seus estoques abarrotados de carne de todos os tipos e cortes. As lojas do Atacadão, pertencentes ao grupo, também deixarão de receber as remessas diárias de carne, mas permanecem com estoque cheio.
Anunciada na semana passada, a decisão do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, de não comprar mais carne do Mercosul, foi vista como uma afronta pelos produtores brasileiros, que consideraram a medida protecionista e prejudicial à imagem dos produtos do Mercosul. A política da empresa transnacional é proteger os produtores franceses da concorrência de grandes produtores de proteína animal como o Brasil.
Em resposta, grandes frigoríficos nacionais, como JBS, Marfrig e Masterboi, suspenderam o fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil, ao mesmo tempo, como retaliação e defesa da soberania comercial brasileira. Além disso, a decisão do Carrefour foi criticada por entidades do setor agropecuário, como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e pelo governo brasileiro, que a consideraram injusta e sem base técnica.
Neste fim de semana, uma das principais indústrias de carnes bovina e de aves do País, a Minerva, também aproveitou para anunciar a suspensão do fornecimento de produtos à rede Carrefour. “Paramos completamente de entregar ao Carrefour e isso é uma coisa clara. Se não mudar a postura, não tem fornecimento”, disse o diretor institucional da Minerva, João Sampaio.
Especialistas acreditam que a falta de carne nas lojas do Carrefour será evidente em breve, já que a reposição é feita diariamente. A interrupção no fornecimento já afetou cerca de 150 lojas da rede no Brasil, e a expectativa é de que o desabastecimento total ocorra em poucos dias.
Com a proximidade do Natal, os refrigeradores tanto do Carrefour Zona Sul como do Atacadão da Avenida Prudente de Moraes ainda não passaram o recibo do boicote e nem exibiam grandes ofertas em seus cortes bovinos.
Fonte: Agora RN